Saiba cinco decisões equivocadas da Ford até encerrar a produção no Brasil

Primeira empresa automobilística a se instalar no Brasil, a montadora anunciou no início do ano o encerramento da produção de carros no país

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Ford capa

Há 100 anos no Brasil, A montadora Ford anunciou no início do ano o encerramento da produção de carros no país. Com o fim das atividades de fabricação nacionalmente, a empresa estimou que cerca de 5.000 mil funcionários devem ser afastados na América do Sul. No nordeste, 12 mil trabalhadores serão afetados em Camaçari (BA) – 5.000 mil da Ford e 7.000 mil de empresas que forneciam matérias-primas para a montadora – de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade.

Com o fim da primeira indústria automobilística a se instalar no Brasil, aqui desde 1919, serão fechadas as fábricas em Taubaté (SP), produtora de motores; Camaçari (BA), que produz os modelos EcoSport e Ka; e em Horizonte (CE), de onde surgem os jipes da marca Troller. Em 2019 a empresa havia anunciado o fim das atividades da fábrica de São Bernardo do Campo (SP).

Encerrar as atividades de produção e praticamente acabar com milhares de empregos, não é uma decisão que se toma do dia para à noite. Em entrevista concedida ao site InfoMoney, Raphael Galante, economista atuante no setor automotivo há 14 anos e consultor na Oikonomia Consultoria, a Ford amarga prejuízos bilionários há anos. Entre 2013 e 2020, a operação da américa do Sul da montadora acumulou prejuízos de US$ 5,7 bilhões.

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Diante de uma trajetória centenária e pioneira no país, Boris Feldman, jornalista e engenheiro com 50 anos de rodagem na imprensa automotiva, aponta cinco decisões equivocadas da Ford , que contribuíram para o fim da produção industrial no Brasil.

1. Fordlândia Fordlândia

Em 1927, Henry Ford adquiriu cerca de 1.000.000 milhão de hectares de terra no Pará, divisa com Amazonas. A ideia era produzir látex, exportá-lo e beneficiar a produção de pneus nos EUA. Além da plantação, uma cidade foi construída, com casas e a infraestrutura necessária, inclusive estradas e portos fluviais. Por incompetência dos técnicos encarregados do projeto, a Fordlândia revelou-se um completo fracasso, durou poucos anos e o governo brasileiro comprou as terras de volta em 1945.

2. CaminhõesCaminhão

A GM entendeu bem mais cedo que a Ford não ter vocação para caminhões. E encerrou essa operação no Brasil em 2002, muito antes da Ford, que só o fez depois de um desempenho medíocre e aumentar os prejuízos da filial brasileira. Só desativou no ano passado a fábrica de São Bernardo do Campo, onde fabricava caminhões e o Fiesta.

3. Autolatina

Foto: Bia Parreiras - Quatro Rodas
Foto: Bia Parreiras – Quatro Rodas

Uma das maiores trapalhadas em que se meteu a Ford no Brasil (e Argentina) foi sua joint-venture com a Volkswagen. A Autolatina já começou mal (em 1987) pois a holding era controlada pelos alemães que detinham 51% de participação societária. Mas, numa época de economia em frangalhos, foi a solução para evitar a saída da Ford do país. Porém, duas culturas, norte-americana e alemã, que nunca se entenderam e, como eram concorrentes lá fora, negavam passar o “pulo do gato” para a engenharia da holding. Depois de lançamentos malsucedidos e brigas internas que quase chegavam às vias de fato, a Autolatina foi desfeita em dezembro de 1995.

4. JeepJeepAo comprar a Willys-Overland do Brasil, a Ford recebeu “de presente” a marca Jeep. Que cedeu, posteriormente, por US$ 1.00, valor simbólico, para a Chrysler que se instalava aqui e pretendia trazer o Jeep Cherokee. Entregou — na bandeja — uma das mais valiosas marcas do mundo e, se tivesse visão, EcoSport ou Troller poderiam ter ostentado este logo. Mais esperta, foi o que fez a Fiat.

5. Ka x FiestaKa x FiestaInacreditável os executivos da Ford terem decidido lançar em 2015 o novo Ka com a mesma plataforma do Fiesta. Industrialmente, uma boa redução de custos. Comercialmente, se esqueceram de um “pequeno detalhe”: custava menos, oferecia maior espaço traseiro, mesma mecânica e mimos eletrônicos. E o Ka matou o Fiesta.

 

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