Milho: parte da segunda safra de SP recebeu um terço da chuva esperada

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Em algumas regiões do estado de São Paulo, entre janeiro e maio deste ano, choveu um terço do esperado. Dessa forma, assim como em outras unidades da federação, a segunda safra de milho está sofrendo com déficit hídrico.

Em Votuporanga, por exemplo, eram esperados cerca de 640 milímetros e foram registrados apenas 280 milímetros nos primeiros cinco meses deste ano, conforme os registros do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo.

De acordo com Angelica Prela Pantano, pesquisadora do IAC, as lavouras implantadas mais cedo já têm nítido comprometimento do potencial produtivo, sendo possível observar o baixo desenvolvimento vegetativo no campo.

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“As mais tardias, que poderiam se beneficiar das chuvas vindouras, esperadas no final de maio, também já começam a sentir, pois a chuva aguardada não veio em volume suficiente para suprir as necessidades da cultura em algumas regiões de cultivo”, diz a pesquisadora.

Em São Paulo, a maioria das lavouras foi semeada a partir de meados de fevereiro até a segunda quinzena de março de 2021. No momento do plantio, a umidade do solo era adequada. Mas, no início de abril as chuvas já foram mais escassas e a deficiência hídrica acentuou ainda mais em maio, quando houve muitos dias sem chuvas. Em Assis e Pedrinhas Paulista, por exemplo, praticamente não choveu em abril.

“Decorridos 60 a 90 dias, a maioria das lavouras está no estádio de florescimento e enchimento de grãos, que são fases críticas para o desenvolvimento de plantas e a definição da produtividade”, afirma o pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), Aildson Pereira Duarte.

Algumas localidades paulistas tiveram volumes pluviométricos considerados satisfatórios nos primeiros meses do ano, situação que ficou diferente a partir de março.

“O longo período de déficit hídrico, que começou já em fevereiro e vem se estendendo até maio, prejudica o desenvolvimento da cultura e compromete a produtividade do milho safrinha, que pode cair na maioria dos estados produtores”, diz Angélica.

Segundo Duarte, a situação é grave nas regiões norte e noroeste do estado, onde as temperaturas são mais elevadas, ultrapassando 30 ºC, aumentando a demanda de água pelas plantas. Lá, não ocorrem chuvas desde o terceiro decêndio de março, quando eram esperados 130 a 150 milímetros de chuva.

Porém, em Guaíra, Pindorama e outras poucas localidades choveu 20 a 30 milímetros, no período de 16 a 18 de abril, amenizando um pouco o estresse hídrico das plantas.

“Em algumas lavouras e dependendo do híbrido, houve comprometimento da polinização pela falta de pólen para fertilizar as anteras receptivas da espiga, ou “cabelo” do milho. Mesmo quando houve polinização, a tendência é que os grãos da ponta da espiga fiquem chochos e os demais com peso reduzido”, adianta Duarte.

Na região do Médio Vale do Paranapanema, na divisa com o Paraná, onde está concentrada a maior área de milho safrinha de São Paulo, as temperaturas foram mais amenas, em média de 22 ºC a 25 ºC.

Segundo Aildson e Angelica, o desenvolvimento da cultura é satisfatório apenas no Alto Paranapanema, região de Capão Bonito, por exemplo, onde predominam temperaturas médias, entre 18 e 23oC, e ocorreram chuvas mais volumosas em março.

“Assim, na maioria das lavouras, observamos sintomas de deficiência hídrica desde o estádio vegetativo, como a perda de turgidez e/ou enrolamento das folhas e a seca das folhas inferiores”, explica Duarte.

As chuvas ocorridas no Médio Paranapanema, na divisa dos estados de São Paulo e Paraná, nos dias 30 e 31 de maio, aliviaram a situação especificamente naquela região. Os volumes totais variaram de 50 a 80 milímetros. Mas, de acordo com as agências de previsão do tempo, as chuvas não devem ser volumosas nos meses de junho a agosto.

“Isso pode agravar ainda mais a situação de cultivo do milho safrinha na região norte/noroeste do estado de São Paulo, comprometendo parte da safra 2021”, alerta a pesquisadora.

Canal Rural