Chevrolet Camaro SS Conversível é para quem quer holofote

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De Porsche em cor chamativa a modelos que nem tinham sido lançados ainda, já dirigi de quase tudo. Mas nenhum carro que habitou minha garagem chamou mais atenção que o Chevrolet Camaro SS Conversível nesta semana que passei com ele. Definitivamente se você gosta de atenção, esse é o carro.

Há um inegável magnetismo nesse muscle-car. Um pouco de culpa do filme Transformes, que faz com que ele seja chamado pelas crianças de Bumblebee. Outro por resquícios do hit cafona Camaro Amarelo, que até a própria Chevrolet tenta esquecer. Tanto que nem oferece mais essa cor no Brasil. Uma ida na padaria será suficiente para que o Camaro estampe os stories e grupos de WhatsApp de diversas pessoas que cruzaram seu caminho.

Mas pagar R$ 451.300 pela versão conversível só para chamar atenção tem seus benefícios? O Camaro SS é mais do que um holofote apontado para a sua cara?

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Gargarejo com rochas

Se o visual do Camaro não for suficiente para fazer pescoços virarem na rua (e garanto que é), basta acelerar mais forte o motor V8. Esse 6.2 aspirado de 461 cv e 62,9 kgfm de torque ronca como se um leão gargarejasse com rochas.

É um barulho alto, grosso, grave e rudimentar. Daqueles que mudam o batimento do coração para uma frequência de alerta, enquanto arrepia os pelos do braço. E como o Camaro gosta de chamar atenção, não há limitador de giro para fazê-lo roncar parado.

Se cão que ladra não morde, V8 que ronca alto, anda bem sim. O esportivo da Chevrolet tem acelerações vigorosas e facilidade em ganhar velocidade. Ele arranca fritando pneu quase toda vez, enquanto o motor ronca alto para assustar quem se atreve a tentar a sorte contra ele.

Há uma nítida entrega de força em médias rotações, enquanto em alta ele começa a perder um pouco de fôlego. Em modo Passeio, a falta de força em uma tocada mais animada é sentida. Já em Esporte ou Pista, ele manter o motor em giros onde a entrega de torque é maior para aproveitar ao máximo a força.

Highway to heaven

A grande questão do Camaro SS acaba não por ser como ele chega a altas velocidades, mas como ele as mantém. Pensado para as enormes highways norte-americanas, ele consegue se ficar exemplarmente constante mesmo com o velocímetro brincando na região dos 200 km/h.

Em geral, muitos carros se mostram instáveis ou leves demais nessa situação. O Camaro não. Sólido, constante e controlável, ele pede para ser tocado de maneira constante a um ritmo mais enérgico. Velocidades baixas o entendiam, aparentemente. Ainda que nessas situações, ele desligue 4 dos 8 cilindros para economizar combustível.

A mudança de batimentos é nítida no som que ele produz. O Camaro fica mais calmo, sereno e perde força com os quatro cilindros. Mas faz com que o consumo na estrada chegue aos 9,3 km/l como registrado em nossos testes. Já na cidade, ele trabalha a maior parte do tempo com o V8 e custa a fazer mais de 5,5 km/l.

Amigos e rivais

Falar de muscle-car e não citar Camaro e Mustang é uma heresia. E nesse caso ainda mais, pois o Ford e o Chevrolet usam exatamente o mesmo excelente câmbio automático de dez marchas.

No Camaro as trocas são bem rápidas e as relações de marcha surpreendentemente curtas. Ele está a todo tempo subindo marcha quando conduzido de maneira mais suave. Tudo sem dar trancos ou soluços. Mas se pisar mais forte, ele aumenta o ritmo, segura as passagens e produz um instigante solavanco.

A suspensão é dura de maneira surpreendentemente suave. Mas consegue absorver bem os impactos do asfalto sem reclamar ou destruir sua coluna como um Mercedes-Benz C 63 AMG S. Isso se traduz em um melhor comportamento em curvas, ainda que o Camaro tenha uma tendência de escapar de traseira com muita facilidade.

Não é mais como a geração anterior em que ele não podia ver uma curva que a traseira já saia sambando. No atual Camaro, as escapadas são controladas e feitas propositalmente se o motorista assim desejar. O controle de tração e estabilidade é bem permissivo, mas, vez ou outra, entra excessivamente e corta brutalmente a aceleração.

Em alguns momentos ao passar por refletores no asfalto durante uma troca de faixa com o pé em baixo, o controle eletrônico do Camaro cortou totalmente a ação do pedal da direita. Como resultado, todo meu corpo foi jogado para a frente como se ele estivesse freando. Uma notável falha do esportivo e que não aconteceu só uma vez.

Lembranças do nome

Ironicamente, o nome Camaro não está em nenhum lugar da carroceria, mas por dentro há muitas lembranças. O batismo está estampado no volante, assim como no meio dos bancos traseiros. Já a sigla SS está nos encostos dos bancos e na base reta do volante.

Um carro de tal valor como ele eleva o nível de exigência no acabamento. E se antigamente ele parecia um Cobalt por dentro, agora honra o preço pedido. Há couro de qualidade nos bancos e volante, que possuem aquecimento (banco também traz resfriamento). Os plásticos usados são de qualidade, mas marcam pouca presença na cabine.

Como esperada, a posição de dirigir é bastante baixa. A ponto de que a parte traseira do seu calcanhar seja a que apoiará no chão durante a condução. Por conta do teto de tecido e da linha de cintura altíssima, o Camaro pode ser um pouco claustrofóbico – mas nada que abrir o teto não resolva.

O espaço traseiro é inexistente, sendo preciso avançar muito os bancos dianteiros para que aqueles que se sentam atrás tenham algum tipo de dignidade. Já o porta-malas leva 208 litros com o teto em posição regular. Já com ele recolhido, sobram apenas 72 litros, ou o equivalente a duas mochilas pequenas.

Ele não é um carro prático, mas traz alguns mimos para o dia-a-dia. A central multimídia tem wi-fi como o Onix Premier. Mas o Android Auto e o Apple CarPlay só funcionam via cabo. A tela tem ótima definição, além de sistema rápido e fácil de usar. Pena que ela fica inclinada para baixo, causando muitos reflexos e dificultando o uso.

O Camaro ainda mima seus passageiros com luzes ambiente configuráveis pela central multimídia. Uma penalidade é que não há sensor de estacionamento dianteiro – algo que seria muito útil com sua frente tão longa quanto a proa de um navio. Pelo menos a câmera de ré tem boa qualidade e ajuda nas manobras junto do sensor traseiro.

Veredicto

O Chevrolet Camaro SS Conversível é do tipo de carro feito para quem gosta de uma experiência diferente do mundano automotivo. Ele tem um som espetacular e chama atenção a todo o momento. É impossível ficar indiferente frente a um Camaro e todos o reconhecem na rua.

Não é um carro prático, é apertado, caro e deve itens de série para o Ford Mustang. Mas só há ele como muscle-car conversível no Brasil. Além disso, são poucos os carros capazes de chamar atenção não só pelo seu visual, mas também pelo ronco do motor.

Esqueça o Camaro amarelo do sertanejo, desengonçado, com acabamento ruim e que mais roncava do que andava. Esse novo modelo é um esportivo de verdade e merece todos os flashes que recebe – quer seja desfilando em frente a um barzinho badalado ou em uma pista fechada acelerando e fazendo curva com classe.

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