Embora a Renault Oroch tenha sido a pioneira picape monobloco de médio porte a estrear no mercado, a Toro praticamente definiu esse novo segmento desde que foi lançada há pouco mais de cinco anos.
Com maior porte e sofisticação além de opções de motorização, a picape da Fiat transformou-se num fenômeno de vendas, chegando a emplacar mais de 65 mil unidades em 2019.
A marca é ainda mais significativa pelo fato de a Fiat ser uma marca ligada a produtos de baixo custo enquanto a Toro é praticamente o primeiro produto da montadora a fazer sucesso numa faixa de preços onde reinam fabricantes de renome.
No entanto, esse ‘monopólio’ está muito perto de acabar. Várias rivais já cresceram o olho no nicho explorado pelo Toro e devem passar a disputar clientes com a Fiat em breve.
Duas inéditas rivais surgiram nos últimos meses. A primeira foi a Santa Cruz, uma picape baseada no Tucson e que já era anunciada há tempos. A outra foi a Maverick, que a Ford lançou nos EUA há poucas semanas como derivada do SUV Bronco Sport.
Ambas têm chances de chegar ao Brasil em graus diferentes, mas não serão as primeiras. Essa primazia deve caber à misteriosa picape que a Chevrolet começará a produzir em São Caetano no segundo semestre.
Ainda sem nome revelado, ela pode herdar a denominação da Montana ou estrear uma marca nova, mas fato é que vem aí um produto bastante competitivo, graças à moderna plataforma do Tracker, SUV que vai emprestar várias características para a caminhonete da GM.
Produção nacional faz a diferença
A nova picape da Chevrolet é desde já a maior candidata a acabar com a festa da Toro por uma razão muito óbvia. Ela será produzida no Brasil e isso facilita obter volumes expressivos e abastecer toda a rede de concessionárias.
A Ford, por exemplo, quando trouxer a Maverick do México, não terá a mesma agilidade e oferta de unidades se resolvesse produzi-la em território nacional ou na Argentina, cujo parque industrial está bem integrado ao brasileiro.
Já a Hyundai tem em suas mãos um modelo bastante sofisticado e que dificilmente teria condições de ser produzido em Piracicaba a ponto de compensar o investimento. Por isso, uma alternativa seria a parceira CAOA montá-la parcialmente em Anápolis como faz hoje com outros modelos mais caros da marca sul-coreana.
Nenhuma das duas, entretanto, tem chance de estrear a curto prazo. A Ford apenas começou a produzir a Maverick e precisa suprir o mercado norte-americano primeiro. Mas é de se imaginar que ela possa começar a trazer lotes para cá em 2022. Já a Hyundai só conseguiria vender a Santa Cruz logo se a importasse, mas também depende da linha de montagem ganhar ritmo no exterior.
Volkswagen e Renault
Antes favorita a estrear na categoria, a Volkswagen perdeu o passo e hoje não se sabe ao certo quando ela pretende lançar a Tarok, picape baseada no SUV T-Cross que foi mostrada no Salão do Automóvel de 2018.
Pelo tempo já passado desde sua revelação, é certo que o conceito perdeu apelo com a chegada de mais concorrentes. Mas isso pode ser uma boa notícia caso a Volks tenha revisto a proposta em favor de um modelo mais encorpado e capaz. Como mostramos na semana passada, a Tarok poderia ser produzida na Argentina ao lado do Taos, o recém-lançado SUV médio da marca. Talvez 2022 seja o ano em que ficaremos sabendo finalmente os planos da VW nesse segmento.
Por fim, vale lembrar que a Renault cogita atualizar a Oroch em breve, como afirmou Pablo Sibilla, o CEO da marca na Argentina. A montadora francesa apostou numa receita mais simples, baseada no Duster e com isso economizou investimento. Porém, o resultado foi um produto aquém do esperado.
Agora que está prestes a introduzir o eficiente motor 1.3 turbo no Captur, a Renault poderia promover um banho de loja na Oroch, seja em acabamento, visual e sobretudo mecânica para torná-la mais interessante. E assim aproveitar um nicho entre a nova Strada e as picapes de andar de cima.
Como se vê, a solidão da Fiat Toro não vai durar muito mais tempo.
Autoo