Carro usado já é mais rentável do que CDI, Tesouro e até Bolsa

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É claro que estamos passando por uma situação anormal no segmento de carros usados e seminovos, mas, se você possui um modelo nessas condições e deseja vendê-lo, é possível que ele lhe entregue um retorno melhor do que grande parte dos investimentos tradicionais.

Como noticiamos, um estudo muito interessante divulgado nesta semana pelo Mobiauto deixou a situação clara.

De acordo com a pesquisa, que levou em conta 555 automóveis e comerciais leves modelo 2021 das 13 principais marcas do país, foi possível constatar uma valorização média entre janeiro e agosto deste ano da ordem de 16,41%.

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O percentual supera com folga alguns indicadores econômicos importantes. O CDI, por exemplo, que serve de referência para CDBs e alguns fundos de investimento, acumula alta de 1,83% neste ano.

Títulos públicos, como o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2026 ou o Tesouro Prefixado 2023, entregam uma rentabilidade de 2,12% e 4,15%, respectivamente.

Mesmo em relação ao investimento em ações, modalidade mais agressiva e que traz retornos superiores, os carros usados ainda se consolidam como um “investimento” superior neste ano. O Ibovespa acumula rentabilidade de 1,83% em 2021.

O retorno dos carros usados neste ano só perde para investimentos em petróleo (+38,6%), Bitcoin (+65,4%) e as bolsas dos EUA (19,2% de alta segundo o índice S&P) e Europa (+18,3% de acordo com o Euro Stoxx 50).

Motivos

A demanda por carros usados vive uma situação atípica no Brasil e em outros mercados, como os EUA, por diversos motivos.

O principal deles foi a ruptura na cadeia logística e de fornecimento para as fabricantes ocasionada pela pandemia.

Tendo que lidar com a falta de componentes fundamentais, como a escassez de chips semicondutores e até borracha, diversas montadoras precisaram parar suas linhas de montagem com o objetivo de equalizar — quando possível — a produção.

Sem estoques de unidades 0 km nos pátios das concessionárias, a saída para o público que precisa de um veículo neste momento foi optar por automóveis usados e seminovos a pronta entrega, o que inflacionou o segmento e jogou o preço para cima.

Vale ressaltar que a pandemia também motivou muita gente que antes utilizava transporte público ou serviços de compartilhamento de veículos a migrar para formas de deslocamento individual, acelerando a demanda por automóveis.

Futuro

Ao que tudo indica, as fábricas e o fornecimento de insumos para a indústria automotiva aqui no Brasil deverão ser regularizados não antes do segundo semestre de 2022, o que deverá prorrogar o cenário de carros usados com preços bem acima do normal.

A Chevrolet, por exemplo, ficou com sua fábrica de Gravataí (RS) parada por mais de 5 meses. Apenas nesta semana a produção será retomada, mas ainda em ritmo lento. Acostumada a três turnos de produção, a unidade gaúcha voltará a operar apenas em um turno enquanto o abastecimento de componentes não estiver regularizado.

Na fábrica de Gravataí são produzidos o Onix e o Onix Plus, compactos que demandam maior número de chips em seus módulos e componentes eletrônicos, sendo duramente afetados pela atual crise do setor.

O momento, portanto, mostra-se extremamente favorável a quem possui um carro parado na garagem e deseja vendê-lo, podendo conseguir um valor muitas vezes acima do preço de tabela na atual conjuntura. Já se a sua ideia é adquirir um 0 km ou trocar de carro, talvez seja mais recomendável um pouco de paciência.

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