Agricultores de Mato Grosso reclamam da falta de matéria-prima e atraso nas entregas de fertilizantes. A situação tem causado transtornos nos preparativos do solo e pode atrasar o cultivo da safra 2021/2022 de soja no estado.
Uma das pessoas que estão sofrendo com esse cenário é o agricultor Robson Weber. Falta menos de um mês para a largada oficial da semeadura da oleaginosa e ele ainda não recebeu todo o fertilizante que precisa para terminar o manejo de adubação dos 1.870 hectares que pretende cultivar em Paranatinga (MT).
“A gente começou a retirar o fosfatado e tivemos que parar de mandar os caminhões lá porque não tinha a matéria prima. Estamos tendo problema também com o potássio. Tinha marcado de retirar essa semana e a empresa acabou nos ligando avisando que não era para mandar os caminhões porque também não tinha a matéria prima para entregar”, conta. “A expectativa é que a chuva venha um pouco mais cedo e temos que deixar o solo preparado para entrar com o plantio e esse atraso acaba gerando transtorno. Tive conversando com outros produtores aqui de Paranatinga e também estão tendo esse problema”, relata Weber.
No município de Jaciara também tem agricultor apreensivo com a morosidade das entregas de fertilizantes nas propriedades. O agricultor Jorge Giacomelli contratou quase 890 toneladas do insumo agrícola e toda a entrega estava programada para o final de julho ou começo de agosto, mas até agora só recebeu metade do volume contratado.
“Bastante atrasado. Já deu uma garoa aqui na fazenda no sábado, as previsões indicam que o plantio vai ser mais cedo, porém, a gente fica dependendo dessa entrega dos fertilizantes para dar início aos trabalhos no campo. Temos cobrado constantemente o distribuidor e o nosso fornecedor. Nos disseram que vão entregar tudo dentro dessa semana ainda, mas não temos essa certeza. Segundo eles, a capacidade de expedição das fábricas está em 100% de lotação. Estão com muita dificuldade de incluir cota de carregamento lá dentro das fábricas”, destaca.
Portas de entrada de fertilizantes
Os portos do Paraná são as principais portas de entrada de fertilizantes no Brasil, respondendo por 33% do volume que chega ao país. Nos sete primeiros meses deste ano foram importados mais de 6,3 milhões de toneladas de fertilizantes por Paranaguá e Antonina, volume 18% maior que as 5,4 milhões de toneladas registrada em 2020. Considerando apenas o mês de julho, a alta foi ainda maior, cerca de 21%.
De acordo com o Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos Agropecuários do Estado de Mato Grosso (Cearpa) e a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), está havendo atraso de matéria-prima tanto para a fábrica quanto de produto pronto adquirido de terceiros.
Segundo o gerente executivo do Sindicato das Indústrias de Adubos e Corretivos Agrícolas do Paraná, Décio Gomes, houve aumento de 20% no volume de fertilizante importado e o escoamento dele está ocorrendo com a mesma frota de caminhões, o que provoca um eventual atraso nas entregas. Ou seja, volume maior de produtos sem aumento de estrutura de transporte e logística.
Em relação à falta de matéria-prima, não há registro, conforme ele. Gomes diz que o que ocorreu este ano é que os preços dos fertilizantes primário e secundário aumentaram muito em dólar, o que tornou as compras mais criteriosas.
Canal Rural