No último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o botijão de gás aparece com alta de mais de 30% desde o fim de 2020. Em alguns Estados, a média do valor ultrapassa R$ 110, o que representa mais de 10% do salário mínimo. O professor de finanças do IBMEC Gilberto Braga explica o motivo de tantos aumentos: “O gás é conhecido como GLP, gás liquefeito de petróleo.
Como o preço do petróleo vem aumentando substancialmente desde a retomada das ações sociais e econômicas, depois da vacinação contra a Covid-19 no mundo, e também por conta do dólar cada vez mais valorizado em relação a nossa moeda, essa política de equiparação justifica, do ponto de vista financeiro, os reajustes que vêm sendo praticado no preço do botijão”, afirma. Além das movimentações do mercado internacional, a composição dos preços de revenda do produto ainda leva em consideração outras variáveis, como impostos e revenda.
A maior fatia do preço do gás de cozinha fica com a Petrobrás, depois vem as margens de distribuição e renda, responsáveis por 37,7% do valor total. A carga tributária, referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), representa quase 15% do preço.
Atualmente, o imposto estadual é o único que incide sobre o produto, já que em março deste ano o Governo Federal zerou as alíquotas dos impostos que eram aplicados anteriormente sobre o gás de cozinha. Para tentar suavizar o impacto dos preços no orçamento das famílias de baixa renda, a Petrobrás anunciou que vai investir R$ 300 milhões em um programa social, para ajudar na compra do gás.
Além disso, na Câmara dos Deputados, um auxílio chamado de “gás social” foi aprovado na semana passada, para custear pelo menos 50% do valor do botijão. A proposta ainda será analisada no Senado Federal.
Para economizar o gás de cozinha, a dona de casa Luzinete tem cozinhado apenas uma única vez na semana e congela porções para os dias seguintes. “Meu gás acabou e eu não estava conseguindo comprar outro. A vizinha me deu a chave da casa dela para eu cozinhar lá. Depois de duas semanas, ela mandou o marido trazer um gás para mim. Está um absurdo o preço do gás. Muito caro”, afirma a paulistana. Desempregada há dois anos e com duas filhas, Luzinete vive de doações e do pouco dinheiro que consegue vendendo latinhas que cata nas ruas. Mal dá para garantir a alimentação da família. Enquanto isso, despesas básicas vão se acumulando. Ela diz que, há seis meses, não consegue pagar a conta de água. “Eu prefiro gastar para que eu e minhas filhas possam comer, as contas a gente paga depois”, afirma Luzinete.
Livia Zanolini – Jovem Pan