A Maverick será peça chave no plano de reestruturação da Ford no Brasil. Com lançamento confirmado para 2022, a picape deve chegar por aqui com a difícil missão de encarar a Fiat Toro, líder do segmento de picapes intermediárias.
A imprensa norte-americana já botou as mãos na novidade da Ford. O site Carscoops, por exemplo, não economizou elogios à Maverick, e a definiu como “incrível” por custar menos de US$ 20 mil e vir com uma motorização híbrida capaz de fazer quase 21 km/l.
Os jornalistas afirmaram que “a Ford destilou décadas de liderança em picapes em um conjunto acessível que oferece conforto de crossover, capacidade de picape e economia de combustível de um sedã compacto”. “É um acerto inegável e as mais de 100 mil pessoas que já reservaram sua unidade podem esperar por uma grata surpresa no futuro”.
Estilo sóbrio e bem acertado
O design da Maverick “segue um caminho distinto” das picapes, cuja aparência normalmente aposta na agressividade. Os norte-americanos afirmam que o visual “é bem básico na versão XL”, mas as linhas são bem modernas.
Curiosamente, o Carscoops destaca (com muita ênfase, aliás) as dimensões “compactas” da Maverick – ao menos para os padrões americanos, acostumados com carros enormes.
Com 5,07 metros de comprimento, a picape é 28 cm mais curta do que a Ranger e 81 cm menor do que a queridinha F-150.
Mesmo assim, a Maverick é maior do que a Hyundai Santa Cruz, sua principal concorrente nos EUA.
No geral, o jornalista conclui o óbvio: as dimensões compactas resulta em “diversas virtudes, como a habilidade de entrar em garagens”.
Caçamba versátil estimula até o faça você mesmo
Sobraram elogios para a caçamba cuja capacidade de carga é de 680 quilos – ainda que seja menos do que a 1 tonelada comportada pela Toro turbodiesel. Segundo o Carscoops, a caçamba é bem menor do que as picapes tradicionais, mas a capacidade volumétrica de 943 litros é boa e ela é “mais versátil” do que as dimensões sugerem.
A tampa traseira possui uma posição intermediária que facilita o embarque de cargas maiores, como placas de compensado.
Dentro da caçamba existem pequenos nichos que permitem acomodar vigas de madeira lado a lado. Assim, o usuário pode “dividir” o compartimento em dois andares. A Maverick sai de fábrica com seis ganchos de fixação de carga, sendo que na versão XLT são 10 os pontos de amarração. Na versão topo de linha Lariat (que deve ser importada para cá), existem ainda pequenos nichos no formato de cubos para acomodar mais carga.
O cliente pode ainda optar por um sistema de trilhos no piso da caçamba e iluminação do compartimento em LEDs. Um ponto curioso é que a Maverick foi desenhada para incentivar a cultura do “faça você mesmo”. Na caçamba existem dois pontos de energia de 12 volts para facilitar a instalação de projetos. A própria Ford oferece sugestões de projetos (incluindo até um rack para transportar bicicletas), que podem ser acessados por meio de um QR Code.
Interior simples, mas bem resolvido
A cabine é lotada de plástico duro, mas o material abusa de diferentes texturas e cores para transmitir uma melhor qualidade de acabamento. Os jornalistas elogiaram a escolha das combinações em cada versão e também a quantidade de porta-objetos espalhados pelo interior. Os bolsos nas portas, por exemplo, são grandes o suficiente para acomodar tablets.
A criatividade aparece no generoso porta-objetos debaixo do banco de trás e no console central, que pode acomodar acessórios vendidos pela própria Ford. São itens como porta-copos, ganchos para sacolas, organizador de cabos de telefone celular e até uma pequena lixeira. Cada um deles é vendido por US$ 50.
Segundo o Carscoops, os bancos são “confortáveis e espaçosos”. Adultos viajam com conforto no banco de trás, já que o espaço para as pernas chega a 93,7 cm – ou seja, mais do que o oferecido nas versões com cabine estendida de Ranger e F-150.
Todos os comandos são bonitos de ver e estão ao alcance das mãos. A versão de entrada da Maverick oferece itens como ar-condicionado, bancos dianteiros individuais, painel de instrumentos com tela de 4,2 polegadas (que vem com velocímetro digital) e central multimídia com tela tátil de 8 polegadas e suporte a Android Auto e Apple CarPlay.
Há ainda sistema de som com 6 alto-falantes e o FordPass Connect, que inclui conexão 4G com Wi-Fi e um aplicativo de smartphone com serviços como localizador do veículo por GPS, partida remota e travamento ou destravamento das portas à distância.
Já a lista de assistências de condução inclui frenagem autônoma de emergência, alerta de colisão frontal, sistema de detecção de pedestres e farol alto inteligente. Opcionalmente, a picape pode vir com assistente de permanência em faixa de rolagem e sensor de pontos cegos com alerta de tráfego cruzado.
No caso da configuração Lariat (que deve ser a única oferecida por aqui), a picape ganha itens como piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, painel de instrumentos com tela de 6,5 polegadas, volante revestido em couro, iluminação ambiente personalizável, banco do motorista com regulagens elétricas, aquecimento dos bancos dianteiros, sistema de som Bang & Olufsen com oito alto-falantes, central multimídia SYNC 3 com reconhecimento de voz e sistema de partida do motor por botão.
Nada de híbrido
Infelizmente, o elogiado conjunto híbrido que combina um motor 2.5 de quatro cilindros com um propulsor elétrico não deve vir para o Brasil. A potência combinada é de 194 cv, sendo que o motor movido a eletricidade entrega 128 cv e 23,9 kgfm, e é capaz de movimentar a picape por conta própria.
Embora o órgão que regulamenta a eficiência energética dos veículos nos EUA ainda não tenha avaliado a Maverick, a Ford afirma que a picape faz uma média combinada de 17 km/l. Porém, o Carscoops classificou o número como “conservador”, uma vez que a avaliação feita pelo site resultou em uma média de 20,8 km/l.
O funcionamento do motor híbrido “não parece ser refinado como nos sistemas da Toyota”, mas o jornalista responsável pela avaliação se mostrou “impressionado” com o funcionamento do conjunto da Maverick.
As versões híbridas são oferecidas nos Estados Unidos exclusivamente com câmbio do tipo CVT e tração dianteira, o que desaconselha o uso em pisos acidentados. De toda maneira, a picape traz cinco modos de condução (Normal, Eco, Sport, Escorregadio e Reboque), sendo que o Sport simula o comportamento de uma transmissão automática.
Para o Brasil, a Maverick deve vir apenas com o motor 2.0 EcoBoost movido a gasolina. São 253 cv com torque máximo de 38,3 kgfm. Como se imagina, o desempenho é superior ao da versão híbrida. E o consumo evidentemente é pior: as médias urbana e rodoviária são de 8,5 km/l e 12,7 km/l, respectivamente. A média geral é de 11 km/l.
A transmissão é automática de oito marchas e a tração nas quatro rodas é oferecida como opcional nas versões de entrada. Mas isso não deve ser problema para o mercado brasileiro, já que a Ford deve trazer apenas unidades completas para cá. Ainda não há data confirmada para a estreia da Maverick no país.
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