Um levantamento feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com universidades brasileiras, mostrou que os insumos agropecuárias puxaram os custos de produção no campo.
De janeiro a setembro deste ano, somente os preços dos fertilizantes subiram mais de 100%, segundo a coordenadora do Núcleo de Inteligência de Mercado da CNA, Natália Fernandes, são vários os fatores que justificam o aumento. “Tivemos uma alta no custo com fertilizantes, decorrentes de uma oferta bastante restrita no âmbito mundial por problemas de fornecimento de matéria prima para produção de alguns fertilizantes e também uma demanda aquecida, valorização do dólar, isso encareceu bastante esse insumo para o produtor brasileiro, o que impacta significativa o custo dos produtores, já que é um dos principais insumos que compõem o custo operacional”, afirmou.
Defensivos agrícola também ficaram mais caros, somente o glifosato usado em lavoura de soja, milho e algodão registrou aumento de 126%. Natália Fernandes explica que, aliado a essas altas, algumas culturas registraram queda de produtividade por questões climáticas, o que dificulta mais a renda dos produtores. “O café teve uma redução na produção de cerca de 10%, comparado ao outro ano.
No caso milho, pouco mais de 20% de queda na produção e o feijão por volta de 8%. Isso acaba influenciando nos resultados econômicos do produtor rural”, disse. Se existe aumento de custo no campo, condições climáticas e prejuízos, é questão de tempo até essa conta chegar no produtor final. A inflação dos últimos 12 meses, que já ultrapassou a casa dos 10% e foi muito puxada pelos preços dos alimentos, deve continuar pesada nos próximos períodos.
Segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, a situação é grave, já que os grãos mais caros, usados na alimentação animal, também deixam as carnes mais caras. Ele aponta que a desvalorização do real frente ao dólar complica ainda mais o cenário econômico. “Temos um problema fiscal grave, a dívida pública aumenta, isso aumenta a incerteza na economia brasileira. Esse aumento de incerteza provoca mais desvalorização cambial e é o que estamos vendo atualmente. No ritmo da taxa de câmbio, todos os suprimentos agropecuários costumam subir de preço”, afirmou. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, o Brasil ainda vive o risco de sofrer efeitos de uma La Niña neste final de primavera e no verão. Possíveis secas podem voltar a afetar a produtividade agrícola.
Jovem Pan