Alta nos preços do combustível, inflação acima do esperado, abastecimento prejudicado, oferta reduzida de produtos: os reflexos da invasão russa à Ucrânia já são sentidos nas feiras livres brasileiras. “Está muito caro, as coisas estão um absurdo. Está aumentando cada vez mais”, relatou uma consumidora. “A alta do preço está grande na feira, no mercado, nos vendedores ambulantes. Onde você vai, você sente alto preço do qual nós estamos passando”, relatou outra. O resultado mais evidente desse conflito é que todos saem perdendo. Não é porque os preços subiram para o consumidor que o vendedor está ganhando dinheiro. Na feira, as bancas precisam girar mercadorias para pagar fornecedores e funcionários. E, algumas vezes, acabam sem lucro ou até no prejuízo. Um exemplo da situação está no valor do tomate. Uma caixa de 20 quilos que era comprada por R$ 40,00 já custa quase R$ 200,00 para o comerciante. O produto, antes vendido a R$ 5,00 o quilo, está saindo por R$ 12 para o consumidor nesta feira. A expectativa é que na Semana Santa chegue a R$ 15,00, que pode ocorrer antes.
Para a feirante Bianca Ribeiro, há 20 anos no negócio, está difícil fechar as contas. “É tirar de um para colocar em outro. Você não está ganhando dinheiro, você está sobrevivendo”, desabafou. O Galego da Melancia, comerciante que já tem 50 anos de feira livre, conta que o desperdício tem virado uma triste rotina. “A mercadoria que não vendermos, a gente perde, porque fruta, se não vender hoje, quando chegar no domingo, não dá mais para que vender na segunda”, explicou. Com a crise, a menos produtos e menos consumo. E assim, o avanço nos preços sai de controle. “Tudo hoje em dia é assim: Você tem que ter o produto para poder vender, mas se aumenta, você não consegue repassar esse aumento [ao consumidor]”, lamentou um feirante. Além da pandemia de Covid-19 e dos reflexos da guerra no leste europeu, as condições climáticas adversas também têm afetado o setor nacional de hortifrúti. Na tentativa de manter o consumo de frutas, legumes e verduras, vale escolher produtos da estação que ainda tendem a chegar em maior quantidade e com o menor preço aos mercados de feiras.
*Com informações da repórter Katiuscia Sotomayor – Jovem Pan