A Polícia Civil deflagrou, na manhã de terça-feira (5), a Operação 2 Face nos Estados de Goiás, Roraima, Pará e Minas Gerais. Conforme a corporação, as ações visam desarticular uma suposta organização criminosa que aplicou golpes por meio de perfis falsos em aplicativos de mensagens. As investigações tiveram início com a denúncia de uma vítima em Presidente Prudente (SP), que teve prejuízo de mais de R$ 34 mil. Contudo, o valor pode passar os R$ 3 milhões, com a soma de outras pessoas que foram enganadas em cerca de 600 fatos criminosos registrados.
Ainda segundo a polícia, são cumpridos 41 mandados de prisões preventivas, 56 mandados de buscas domiciliares, bloqueios e sequestros de contas cadastradas em 41 CPFs, além de uma dezena de sequestros de contas em cripto ativos.
O golpe
Em 11 de agosto do ano passado, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Presidente Prudente foi procurada pela vítima, que afirmou ter tido prejuízo de R$ 34.391. O inquérito policial foi instaurado e, em pouco tempo, a corporação verificou que não se tratava de caso isolado e “outras dezenas de vítimas foram sendo catalogadas como pagantes enganadas pela mesma fraude eletrônica”.
“Desta maneira, considerando o relevante número de casos idênticos verificados em registros de vítimas pela cidade de Presidente Prudente e região, além, anunciados em redes sociais que se multiplicaram com o tempo da investigação e o anúncio do mesmo crime e prejuízos, tudo foi encaminhado ao Seccold (Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro) para análise precedente e emissão de relatório técnico”, explicou a polícia.
Ainda de acordo com a corporação, o suposto grupo criminoso aplicava a fraude eletrônica, primeiro, obtendo fotografia em rede social e aplicativo de mensagem de vítimas para, depois, em busca e auxílio de outros criminosos digitais (com o cruzamento de informações) entrar em contato com familiares próximos (amigos, sócios, etc – todos pesquisados em redes sociais) informando a troca de prefixo telefônico (em chip cadastrado com a foto do conhecido) e, após, solicitando valores sob alegação de problema no aplicativo bancário.
Parte das vítimas fez os pagamentos e apenas depois do encontro ou contato com os verdadeiros familiares ou amigos, descobriu o crime.
A operação
Foram sete meses de ações de inteligência, “em atos legítimos autorizados pela Justiça competente e pareceres favoráveis do Ministério Público paulista”, com os cruzamentos de informações em fontes abertas e fechadas, em tese, houve o desvendamento dos crimes que possibilitou a realização da operação.
“Com o grupo e com o resultado das buscas realizadas nesta manhã, que se beneficiou de soma que pode superar a R$ 3 milhões nos últimos meses, a polícia busca a identificação de outros comparsas, bem como novas vítimas e patrimônio ocultado no branqueamento de capital”, salientou a Polícia Civil.
Todos os suspeitos presos permanecerão nos Estados de origem e serão indiciados dez vezes, entre delitos consumados e tentados, pela prática do crime de estelionato eletrônico, falsidade ideológica, falsa identidade, integrar organização criminosa, além do ilícito de lavagem de dinheiro.
A polícia destacou que apenas no Estado de São Paulo será possível o esclarecimento de pouco mais de 600 fatos criminosos registrados, além de centenas ocorridas em outros Estados da Federação.
O nome da operação foi escolhido em tradução simples da escrita americana “two face”, usando o número não extenso, “duas faces”, em “metáfora ao ardil eletrônico usado pelos criminosos que solicitam dinheiro das vítimas passando por conhecidos, inclusive, com fotografias retiradas das redes sociais ou telefônicas”.
A operação foi deflagrada simultaneamente pela Polícia Civil de Roraima, Minas Gerais, Pará, Goiás e São Paulo, com a participação de 70 policiais civis da área do Deinter-8.
G1PP