O comércio tenta se recuperar dos impactos da pandemia da Covid-19, mas a inflação é um dos grandes desafios. A alta dos combustíveis interfere diretamente no custo do frete e quem paga a conta é o consumidor. Por outro lado, as vendas online crescem e ajudam os clientes a buscarem valores menores. O assessor econômico da Fecomércio Guilherme Dietze considera o atual cenário, entretanto, desfavorável. “Se você tem uma inflação muito elevada, o consumidor precisa de mais recurso para comprar o seu feijão, a cenoura, a batata, a cebola e vai ter que reduzir de outro lugar. E aí pode ser tanto no setor de serviço, mas também postergando uma compra de um eletrodoméstico, um eletrônico, um móvel, algo do tipo que você precisa de um planejamento. Houve um recorde de endividamento no final do ano passado. As famílias com o limite ali da renda no seu consumo tiveram complementar a sua renda através do crédito, sobretudo no cartão de crédito. Então a gente viu muito consumo sendo estimulado através do crédito”, afirma.
O economista Guilherme Dietze acrescenta que a recuperação seria mais robusta sem a guerra na Ucrânia. Ele cita o aumento do combustível, que traz impactos diretos e indiretos na cadeia produtiva. “Ele está fazendo um transporte mais caro porque o frete, o óleo diesel ficou 25% mais caro em um mês. Então não somente esse custo direto que o consumidor paga na gasolina, ele vai pagar no transporte, no óleo diesel e que sai lá do interior de Minas e chega aqui até São Paulo. Então o consumidor paga diretamente e indiretamente a esse aumento de preço na ponta, e evidentemente, vai reduzindo o seu poder de compra, vai tirando a sua confiança, vai tirando o seu conforto e, com isso tudo, a economia perde, porque se ele tem menos dinheiro para consumir, o comércio vende menos, demanda menos para a indústria e aí, ele tira aquele ciclo da economia de forma negativa”, explica Dietze.
O assessor econômico da Fecomércio diz ser positivo o aumento de trabalhadores atuando como empreendedores individuais. Guilherme Dietze lembra que a informalidade ajudou milhares de pessoas na pandemia. “Houve uma expansão muito forte dos registro de MEI, microempreendedores individuais. Isso é muito importante, porque as pessoas vão buscando formas, já que o mercado de trabalho não traz essa oportunidade, as pessoas vão buscando formas de ter uma renda extra ou até mesmo ter o seu trabalho principal, sair daquela carteira assinada que tinha anteriormente e abre o seu próprio negócio, que é muito importante para o empreendedorismo”. Dietze ainda aponta que os pequenos empresários são fundamentais para a recuperação econômica. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que as empresas do varejo cresceram 1% em fevereiro.
*Com informações do repórter Daniel Lian – Jovem Pan