O produtor de soja no Brasil finalizou a colheita da safra 2021/22 e já se prepara para a próxima temporada. Para tanto, o pontapé inicial é a escolha da semente. O mercado oferece diversas cultivares e, muitas delas, são desenvolvidas com resistência a pragas e doenças, mas também adaptáveis aos contratempos climáticos que o sojicultor pode enfrentar ao longo do ciclo.
De acordo com o gerente técnico de Soja da Bayer, Samuel Zoca, além de biotecnologias mais avançadas que trazem proteção às principais lagartas da cultura, o agricultor precisa estar atento ao grupo de maturação da variedade escolhida, ou seja, optar por um material que não seja demasiadamente tardio ou precoce para a sua região.
“O produtor precisa observar se o material que ele pretende plantar tem registro, zoneamento para sua região e qual o posicionamento deste material de acordo com o obtentor, um posicionamento de ambiente para um plantio mais cedo ou mais tarde, um ambiente de solo de alta ou baixa fertilidade. Utilizando o posicionamento correto desses materiais, ele vai conseguir superar as adversidades”, declara.
Segundo ele, muitas variedades disponíveis no mercado têm potencial produtivo altíssimo, mas nem todas possuem estabilidade entre ambientes. “Falando sobre o estresse hídrico, quando temos um ano mais desafiador, com mais seca, alguns materiais têm a capacidade de superar esse estresse”, explica. Assim, Zoca lembra da importância de diversificar as variedades, optando por aquelas com bons tetos produtivos, mas sem esquecer da maior adaptabilidade à estiagem incutida em certas sementes.
Para o gerente técnico da Bayer, é essencial que o produtor esteja aberto a experimentar novos materiais, já que todos os anos os principais obtentores de tecnologias de sementes lançam novos produtos específicos para cada ambiente. “Se o produtor optou por uma semente certificada, com alto vigor e alto poder de germinação e escolheu a variedade correta para o seu talhão, ele vai ter sucesso no final, na colheita, que é o momento mais esperado. Agora, se a semente não for boa, mesmo que o produtor corrija a densidade para tentar compensar menores germinação e vigor, ele não vai conseguir”, adverte.
Clima: aliado ou inimigo?
Na hora de escolher a melhor semente, o produtor costuma escolher aquelas com maior resistência a determinados herbicidas, pragas e doenças. Contudo, a evolução genética, que ajudou o Brasil a se consolidar como o maior produtor de soja do mundo, pode fazer muito mais pelo produtor, como ajudá-lo a vencer climas adversos durante a safra.
Para a líder de Marketing da Credenz, Graziela Morais, as empresas estão cada vez mais focadas em entender a interferência da falta ou excesso da chuva na lavoura. “A Basf, por exemplo, está desenvolvendo materiais que serão lançados apenas em 2030. Um dos pilares que buscamos é a adaptação dos materiais às novas condições ambientais esperadas”, conta.
Segundo ela, o melhoramento genético demora de cinco a oito anos para ser feito e contemplar, também, variáveis climáticas, algo que segue como uma evolução contínua da indústria. “Mas é importante ressaltar alguns mecanismos que o agricultor pode realizar e contribuirá para os momentos adversos, como o plantio direto, em que ele consegue proteger o solo contra impactos de chuva, vento e erosão através da palhada. Além disso, também ajuda na redução de temperatura, favorecendo nos momentos de seca, pois contribui para uma menor evaporação”, diz.
Graziela destaca que o teto produtivo é o principal fator levado em conta pelo agricultor na hora da escolha da semente, mas recomenda que a busca por características genéticas de materiais adaptáveis e estáveis à região. “Acrescento que, após escolhida esta cultivar, é importante que o agricultor avalie a questão da qualidade da semente porque é através dela que esse material vai expressar todo o seu potencial genético, como a resistência a momentos climáticos desfavoráveis e outras situações dentro de uma lavoura”.
Neste rol da qualidade, a líder de marketing da Credenz pincela três pontos: pureza genética, alta germinação e tamanho e uniformidade da semente. “Um ponto importante é que as sementes certificadas tendem a apresentar estas características em maior intensidade”, salienta. “O mercado agro como um todo busca elevar as produtividades e conseguir superar as questões climáticas que serão, certamente, diferentes das que vamos enfrentar em 2030. Então estamos sempre fazendo o hoje e olhando lá na frente com muita pesquisa, desenvolvimento e muito investimento para inovar e trazer os melhores produtos e um manejo muito eficiente para o produtor”, finaliza.
Canal Rural