Dezoito anos atrás, a Peugeot encerrava uma parceria inusitada com sua arquirrival francesa, a Renault. Tratava-se do fornecimento do motor D4D, um 1.0 litro com 70 cv de potência e 9,5 kgfm de torque que era usado pelo hatch Clio e acabou equipando o famoso 206.
No começo dos anos 2000, logo que inaugurou sua fábrica em Porto Real, a Peugeot-Citroën preferiu oferecer a opção popular em vez de investir num motor próprio, mas anos depois mudou de ideia, preferindo substitui-lo com um motor 1.4, com mais torque e desempenho, a despeito de pagar mais IPI.
Com o 208 de primeira geração, a marca francesa adotou o bom motor 1.2 litro, mas com a chegada do modelo argentino ao Brasil preferiu oferecer apenas o 1.6 16V.
Esse cenário mudou completamente na semana passada por conta do lançamento de duas versões “populares” do 208, a Like e a Style, com preços entre R$ 73 mil e R$ 80 mil.
A solução é um repeteco de duas décadas atrás: emprestar o motor de outro concorrente. Nesse caso, no entanto, trata-se de uma prima, a Fiat, que passou a fornecer o motor 1.0 litro Firefly, que equipa o Argo, por exemplo.
Com 75 cv de potência e 10,7 kgfm de torque (etanol), o propulsor aspirado não chega a empolgar, mas proporcionará à Peugeot uma estratégia mais abrangente para fazer seu hatch vender mais.
Motor 1.0 domina vendas
Tudo leva a crer que a Stellantis está usando a mesma receita da Fiat, que embora ofereça algumas versões mais equipadas e potentes, foca demais em modelos baratos, vendidos no atacado.
Sinal disso é que 90% dos Argos vendidos até abril deste ano possuem o tal motor 1.0 Firefly. As versões 1.3 responderam por apenas 1.500 dos mais de 15,6 mil veículos emplacados nos primeiros quatro meses de 2022.
Daí se imagina o impacto que o motor 1.0 poderá ter na vida do 208. Em janeiro, as versões manuais do hatch compacto respondiam por duas em cada três vendas, mas a Peugeot possivelmente retirou os modelos Like 1.6 de cena já prevendo a chegada da linha 2023.
Por isso, entre fevereiro e abril os automáticos Allure 1.6 e Griffe 1.6 passaram a representar mais de 91% dos emplacamentos. Tudo leva a crer que agora os dois 208 1.0 irão dominar as vendas já que custam até menos que seu “primo” Argo.
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