O preço do gás natural na Europa fechou neste início de semana no maior valor da história. Entre os motivos que explicam essa alta acentuada está a onda de calor extrema que os europeus estão enfrentando e tende a elevar a demanda por energia. Além disso, a situação foi agravada pela notícia de que a Rússia vai interromper temporariamente o fornecimento de gás no fim do mês. Por três dias, serão realizados reparos no principal gasoduto russo que abastece a Europa. Mas, o grande temor do mercado está na possibilidade de que essa distribuição seja definitivamente cortada. Para o agronegócio esse tema é de alta relevância porque o gás natural responde por mais de 85% do custo de fabricação dos fertilizantes nitrogenados e também impacta os fosfatados, indica a consultoria Agrinvest. E a consequência dessa elevação de preços já está acontecendo: a StoneX revela que fábricas de nitrogenados da Europa estão com cerca de 60% da capacidade ociosa e o bloco deve aumentar a importação de adubo, ou seja, a demanda por fertilizantes no mercado internacional vai aumentar e o preço possivelmente também.
A Agrinvest revela que até o momento o agricultor brasileiro não sentiu o impacto no bolso ao comprar fertilizantes nitrogenados. Porém, caso a procura pelo insumo volte a aumentar no mundo, os efeitos poderão sim ser sentidos aqui com piora na relação de troca entre a ureia e o milho segunda safra, por exemplo. Os europeus estão passando por um verão bem quente, mas a grande preocupação é com a chegada do inverno, quando o consumo de gás deve aumentar. O racionamento de energia já acontece em alguns países da Europa e a situação pode ficar ainda mais crítica. O agro brasileiro ainda tem cerca 30% das vendas de fertilizantes da safra verão do Brasil em aberto, de acordo com levantamento da StoneX. Vale acompanharmos com atenção o desdobramento no mercado de gás, pois cedo ou tarde o mercado de adubo pode começar a mudar.
Jovem Pan