A ureia é um fertilizante nitrogenado amplamente utilizado em lavouras do Brasil. Os fertilizantes nitrogenados têm cerca de 85% do custo de fabricação formado pelo gás natural e a recente crise energética na Europa está refletindo em preços mais altos para o adubo. A Agrinvest Commodities apontou que em uma semana a ureia (CFR Brasil – Custo e Frete) registrou alta de 15%. Na sexta-feira passada os preços da ureia estavam na faixa de US$ 630/tonelada CFR Brasil e nesta semana as cotações estão terminando na faixa de US$ 730-740/tonelada. Nos portos brasileiros as cotações subiram mais de US $100 por tonelada em 15 dias. “O mundo inteiro está precificando a situação energética europeia. Mesmo com a queda nas cotações do gás natural nos últimos dias a margem da indústria produtora na Europa continua negativa, desencorajando a produção no bloco”, aponta o analista de fertilizantes da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza. E por que isso é importante para o Brasil? Importa porque a Europa se torna um novo participante do mercado global com potencial de incremento de demanda e, por consequência, impacto na formação de preços globais e isso pode se reverter em altas adicionais de custo ao produtor brasileiro.
A alta de custo está fazendo os agricultores adiarem decisões de compra. Em pesquisa da consultoria StoneX divulgada nesta semana foi relatado que até o momento 32% do adubo com entrega para o primeiro semestre de 2023 foi fechado, contra 39% há um ano. As importações de ureia de janeiro a julho estão 9% abaixo da mesma época do ano passado. Segundo o analista de fertilizantes da StoneX, Marcelo Mello, isso não quer dizer que vai faltar ureia, mas o dado reitera que as compras dos produtores estão atrasadas. “O preço da ureia está subindo em zigue-zague, ele sobe e ele cai. É um canalzinho de alta, no segundo semestre sempre tem um canal de alta e está ocorrendo. Ele vai despencar, quando chegarmos em novembro a tendência vai ser inverter. Os Estados Unidos que tem que comprar para as aplicações de outono e vão sair do mercado, a Europa vai sair do mercado, o Brasil, que vai ter que comprar para a safrinha (e não está comprando bem) vai ter que comprar e vai estar saindo do mercado – todos os players vão sair do mercado e o preço vai derreter em novembro dezembro, é a nossa expectativa”.Os custos de produção agrícola estão nas máximas históricas e seguem afugentando agricultores da tomada de decisão de compras. Nos Estados Unidos, não é diferente do Brasil. Dados recentes apontaram para uma relação de troca bem alta entre adubo e milho. A Cogo Inteligência em Agronegócio afirma que com base nos dados da FarmDoc de Illinois já é possível afirmar que a safra norte-americana 23/24 terá o maior custo da história para soja e milho. Nos preparemos para a próxima temporada, que ao que tudo indica não dará trégua nos custos de produção.
Jovem Pan