A Citroën é uma das marcas de automóveis mais ousadas que já surgiam. Basta lembrar do clássico DS e suas tecnológicas à frente do tempo para constatar isso. No entanto, faz algum tempo que a fabricante francesa parece ter perdido a inspiração.
Nos últimos anos, a Citroën tem se preocupado mais com a forma do que o conteúdo, reciclando plataformas e conceitos batidos com uma roupagem supostamente moderna. Mas parece que ela se redimiu com o protótipo ‘Oli’, que se lê óli’, segundo a marca.
Para começo de conversa, é difícil defini-lo. Tem ares de SUV, linhas retangulares que lembram um Hummer (o que, convenhamos, não é uma boa referência) feito com blocos de Lego.
Mas o Oli é mais que isso. Trata-se de uma proposta sustentável como raramente se vê. A grande sacada, divulgada mundo afora nesta sexta-feira, é o uso de superfícies feitas com papelão reciclado.
Na verdade, uma estrutura de sanduíche de “favo de mel” coberta por painéis de fibra de vidro fornecidos pela BASF que usam resinas e camadas protetoras desenvolvidas pela fabricante alemã.
O resultado é que capô, teto e outras superfícies são 50% mais leves que se fossem feitas com aço, além de possuírem uma grande durabilidade. E resistentes à água, claro.
Sem pressa de dirigir
Outro ponto destoante é para-brisa, plano e instalado na vertical, mas a Citroën tem uma boa resposta para isso. “Você poderia argumentar que uma tela vertical é menos aerodinâmica, mas não esperamos que as pessoas dirijam esse tipo de veículo a 200 km/h. É por isso que limitamos a velocidade máxima do Oli a no máximo 110 km/h.” explicou Pierre Sabas, chefe da Citroën Advanced Design and Concept Vehicles.
O Oli, obviamente, é 100% elétrico. Utiliza uma bateria de apenas 40kWh para oferecer uma autonomia de até 400 km. Graças a velocidade máxima a 110 km/h o consumo é de 10 kWh por 100 km. De quebra, a recarga de 20% a 80% leva apenas 23 minutos.
O SUV elétrico tem um porte relativamente parecido com um Jeep Renegade, com 4,20 m de comprimento, 1,65 m de altura e 1,90 m de largura. Mas que reparar em sua “caçamba” verá que ele é menor que um porta-malas, com largura de menos de 1 mtro e comprimento de 68 cm que pode ser ampliada para 1,05 m.
Quem reparar nos detalhes do Oli verá partes que normalmente são expostas, mas a Citroën diz que isso é parte da ideia. “Não temos medo de mostrar como o veículo é montado, para que você possa ver molduras, parafusos e dobradiças, por exemplo”, chefe de design da Citroën, Pierre Leclercq.
Por dentro, o painel também foi pensado para reduzir a complexidade e os custos. São apenas 34 peças para montá-lo contra 75 em um hatchback comum.
Como todo conceito, o Oli está aí para criar repercussão. Se for ruim, a Citroën diz que era apenas um exercício de imaginação, mas se o feedback for positivo, logo algum derivado do SUV/picape estará rodando nas ruas dentro de alguns anos. E com a vantagem de já ser entregue numa embalagem de papelão.
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