Conheça as perguntas mais frequentes sobre tijolo ecológico

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Os blocos modulares de solo-cimento são opção para quem procura materiais com menos impactos ambientais. Além disso, segundo os fabricantes a solução acelera a construção, reduz o consumo de argamassa e aço, e gera menos entulho no canteiro.

1- Por que tijolo ‘ecológico’?

O material é confeccionado com terra, cimento e água. A principal diferença em relação a outros tijolos de solo-cimento é a cura hidráulica: o produto não é cozido em forno – processo que consome madeira e ainda resulta na emissão de gases poluentes. Outras características que o tornam ecológico é a proporção de cimento incorporada à massa (cerca de 10%) e o tipo de solo utilizado. “É um solo arenoso e, desde que não tenha pedrisco, pode ser retirado de praticamente todas as áreas. Ou seja, não é restrito a áreas de preservação permanente, como as argilas, que são sedimentares e cujas fontes estão localizadas próximas a mananciais”, explica a engenheira Adriana Pinatti, da Verdesaine, fabricante de Monte Aprazível (SP).

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Outra vantagem do sistema no que diz respeito à sustentabilidade ocorre no canteiro de obras, diz a profissional. “O produto facilita a execução por conta dos encaixes. Com isso, há redução no consumo de outros materiais, como concreto, argamassa e aço. A geração de entulho também acaba sendo inferior à de métodos tradicionais”.

2 – Há diferentes tipos do material?

Há no mercado produtos com diferentes dimensões e tipos de encaixe. Em termos de composição, por exemplo, há opções que incorporam resíduos da construção civil ou orgânicos, como bagaço de cana, reforçando os atributos ecológicos da solução. Os três elementos principais comercializados pelas empresas são o tijolo modular, o meio tijolo e o tijolo canaleta. Este é utilizado como verga e contraverga de janelas e portas, canaleta para as cintas de amarração e para a passagem vertical e horizontal de dutos hidráulicos e eletrodutos, como detalha José Humberto Trivisan, diretor da Eco Produção, fabricante de Piraquara (PR).

3 – Qual a função dos furos no tijolo?

De acordo com Adriana, eles servem para embutir as colunas de sustentação e para facilitar a passagem das instalações elétricas e hidráulicas. “Ao formarem câmaras que funcionam como barreiras para ruídos, calor e frio intensos, os furos colaboram para o conforto termoacústico da edificação”, complementa José Humberto.

4 – Como especificar a solução?

O projeto deve considerar que o tijolo ecológico é uma solução construtiva modular. É preciso conhecer as dimensões do produto a ser empregado, pois estas serão utilizadas no cálculo das medidas das paredes. O diretor da Eco Produção ressalta que o material sofre dilatação e retração conforme as variações climáticas. Por isso, deve-se prever espaçamento de 1mm a 1,5mm entre os tijolos, evitando, assim, a formação de trincas e fissuras.

5 – O processo construtivo difere da alvenaria tradicional?

O tijolo ecológico não tem função estrutural. A estabilidade é dada por colunas de sustentação e cintas de amarração distribuídas ao longo das paredes. “A estrutura vai consistir em uma malha de concreto armado”, define Adriana, da Verdesaine. Embutidas dentro dos furos dos tijolos, as colunas são executadas em intervalos fixos determinados pelo projeto estrutural (geralmente, a cada 1 m, em edificações de pavimento único), com o uso de vergalhão e graute. Aparecem também nas quinas e no encontro das paredes, onde são amarradas por grampos.

Para as cintas de amarração, são utilizados os tijolos canaleta, preenchidos com barras de ferro e concreto. Segundo Adriana, as cintas são dispostas em toda a extensão da edificação da seguinte forma: “Uma fiada abaixo do nível das janelas, na altura de 1 m; outra acima do nível das janelas e portas, na altura de 2,1 m; e a última no respaldo da parede para fazer a amarração final”. “Cada projeto possui sua particularidade e, por isso, o sistema estrutural, com o quantitativo e a espessura das ferragens, deve ser indicado pelo responsável técnico da obra”, pondera José Humberto. Acima de três pavimentos, diz, é necessário trabalhar com colunas de alvenaria tradicionais.

6 – Quais os pontos críticos da solução?

De acordo com os fabricantes, a maior dificuldade é o assentamento da primeira fiada de tijolos, que funciona como o gabarito da edificação e determina o nivelamento e prumo das demais fiadas. Adriana Pinatti detalha: “Sobre a fundação plana, os tijolos são arranjados delimitando paredes e abertura das portas. A montagem é como um quebra-cabeça. Com todos os encaixes acertados, passa-se à marcação das colunas com uma furadeira e broca de 15 cm. Os ferros são inseridos nas colunas e colados com adesivo Compound. A partir daí, é iniciado o assentamento dos tijolos”. Somente nesta primeira etapa os tijolos são fixados com cimento. A massa, diz José Humberto Trivisan, deve ter traço 1:3 com hidrofugante. Nas demais fiadas, o assentamento das peças é feito com cola PVA, ou argamassa AC1 ou ainda com mistura feita de cola, água e o próprio solo.

7 – É necessária mão de obra especializada para a construção com o tijolo ecológico?

Não, mas é importante que o profissional faça o assentamento das peças utilizando nível e prumo, ressalta Adriana. “Como os tijolos vão ficar aparentes, devem estar bem alinhados. Dependendo da prática do pedreiro, são colocados até 1,5 mil tijolos por dia”, estima a engenheira.

8 – Os tijolos podem receber qualquer tipo de revestimento?

Sim, dizem os fabricantes, embora a opção mais comum seja deixar os tijolos aparentes. “Indicamos fazer o chapisco de rolo e um reboco mínimo, de 3 a 5 mm”, orienta a profissional da Verdesaine, lembrando que entre os acabamentos possíveis estão gesso e pintura. “Para revestimentos cerâmicos, o assentamento deve ser feito diretamente sobre os tijolos com cimento e cola.”

AEC Web