Apesar dos custos elevados, a confiança do agro segue em alta. Digo isso com base na última atualização do ICAgro, índice que está acima dos 100 pontos, o que revela otimismo no setor. E mais, a partir dos termômetros que são as inúmeras viagens que faço todas as semanas pelo Brasil e as conversas que tenho com empresários, produtores rurais e profissionais que atuam no agro. Eles indicam o mesmo: apesar de todos os desafios, há otimismo. E por quê? Porque o dólar acima de R$ 5 favorece o setor agroexportador e torna nossos produtos mais competitivos no mercado global, porque os desdobramentos geopolíticos da guerra na Ucrânia tem se traduzido em oportunidade de mercado para algumas commodities agrícolas como trigo e milho, por exemplo, que estão expandido em produção e conquistando compradores, porque o Brasil hoje é um dos poucos países da América Latina que se apresenta como boa alternativa para investimentos e o agro é um dos setores mais promissores no nosso país, porque o crescimento populacional indica que chegaremos já a 8 bilhões de habitantes no mundo agora em novembro e esse é um sinal estrutural de incremento de demanda por alimentos, porque com a política econômica atual os juros começarão a cair em 2023 e o custo do dinheiro baixará favorecendo novos negócios.
Nesta semana, ainda citando uma conjuntura incerta, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 13,75% a.a. A previsão do mercado é que a taxa básica de juros cairá para 11,75% no próximo ano. Empresas como a XP Investimentos projetam Selic a 10% a.a até o fim de 2023. Ou seja, há espaço para crédito mais barato em um futuro próximo e manutenção da confiança em alta, a depender das escolhas do novo governo eleito no domingo. A eleição é um fator de incerteza e pode sim corroer esse otimismo a depender do seu resultado e isso tem potencial para adiar investimentos que estão prontos para ocorrer, apenas à espera da eleição, como me foi relatado por diferentes profissionais da avicultura em evento no Paraná.
Na conjuntura de curto prazo, outro fator que está sendo monitorado é o câmbio, que tem efeito mais imediato na formação de preços e custos e já na próxima semana pode impactar de forma mais direta o mercado agrícola, a depender do resultado da eleição e da precificação no dólar. Nos últimos dias a moeda norte-americana se mostrou mais sensível aos riscos eleitorais, com investidores buscando proteção no câmbio diante de um placar apertado na disputa presidencial. À espera da eleição, alguns negócios como comercialização de grãos e compra de insumos seguem em modo de espera, como relatamos aqui na Jovem Pan nos últimos dias. No cenário externo, a China está desacelerando, a Europa está em crise e os Estados Unidos em um processo de alta de juros que deverá se manter ao longo dos próximos meses, com risco de gerar uma recessão econômica na maior economia do mundo. Neste contexto, o Brasil está na contramão, com previsão de PIB subindo, inflação caindo e juros tendendo para baixo, se , de novo, o trabalho que está sendo feito na política econômica se mantiver teremos boas notícias no front. O agronegócio está com a confiança em alta e tem muito a contribuir com o desempenho do país.
Jovem Pan