Lula e a comitiva brasileira que está hospedada em Pequim e Xangai passaram por testes de Covid-19 para poder participar do encontro com Xi Jinping, presidente da China, previsto para esta sexta-feira, 14. Na cerimônia, deverá acontecer a assinatura de acordos bilaterais e são esperados cerca de 20 tratados. Há expectativa que o agronegócio seja impactado por algum deles, tanto na área financeira como na comercial. Na área financeira, é esperado que China e Brasil deem mais um passo na direção de usar o yuan nas transações comerciais entre eles. A ideia é diminuir a relevância do dólar no comércio bilateral. No primeiro discurso que Lula fez na China, ele questionou por que os países precisam do dólar para lastrear os seus negócios. “Por que não temos o compromisso de inovar, de fazer comércio com nossa moeda?”, perguntou o petista durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff no banco dos Brics.
As dúvidas retóricas de Lula são um sinal do que podemos esperar. Vale lembrar que os bancos centrais do Brasil e da China assinaram nos últimos meses um memorando de entendimento para criar um modelo financeiro para permitir que as transações entre os países sejam realizadas usando o yuan, moeda chinesa, de forma que ela depois possa ser convertida em reais. A ideia é parte de uma agenda da China que pretende reduzir a dependência do dólar e aumentar a circulação de sua própria moeda no mundo. Na área comercial, há expectativas de novidades na área de grãos e proteína animal, especialmente. Na passagem anterior pela China, sem a presença de Lula, que adiou a ida por conta de uma pneumonia, o saldo da missão do Brasil na China foi bom para o agro. Houve o fim da suspensão temporária das exportações da carne bovina do Brasil para a China, a habilitação de 4 novos frigoríficos (algo que não acontecia desde 2019) e a retomada do embarque de duas plantas que estavam embargadas. Essas foram boas notícias para o agronegócio brasileiro, que tem como meta ampliar o relacionamento com o país asiático na pauta de carnes.
Agora, na viagem atual, é esperado também que se inicie uma renegociação do atual protocolo sanitário da exportação bovina de forma que não sejam realizados autoembargos do Brasil quando haja investigação sobre casos de vaca louca. Caso o auto embargo seja mantido, é desejável que haja um prazo pré estabelecido que garanta o retorno das negociações. Atualmente, não há um período para retorno dos embarques, mesmo depois da confirmação de casos atípicos. É preciso rever o acordo atual e a discussão pode ser iniciada nesta viagem atual. Na pauta de grão, são esperadas autorizações para mais empresas brasileiras exportarem para lá. A China é o principal parceiro comercial do Brasil e só as vendas do agro somaram mais de U$ 50 bilhões em 2022. A soja e a carne bovina são os primeiros itens da pauta agroexportadora. Nas últimas visitas internacionais, nenhum grande e importante acordo para o agro foi anunciado. Vamos aguardar os desdobramentos da viagem à China para verificar se o saldo pode melhorar. O encontro entre Lula e Xi Jinping pode impactar em mudanças para o agro.
Confira as pautas de outros setores do agro na missão Brasil-China:
Carne de aves e suínos:
Ampliação do número de plantas habilitadas para exportação.
Reconhecimento do Rio Grande do Sul e Paraná como áreas livres de febre aftosa sem vacinação.
Derivados de soja:
Aval pela China da lista de empresas brasileiras liberadas para exportar farelo de soja.
Frutas:
Abertura de mercados para novas frutas brasileiras. Segundo a Abrafrutas, atualmente, o melão é a única fruta fresca exportada para o país asiático.
Discussão sobre desafios logísticos no envio de frutas frescas à China.
Algodão:
Apresentação do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro, que prevê o autocontrole e pode acelerar o processo de chegada do produto à China.
Arroz:
Assinatura de acordo fitossanitário para permitir o início das exportações para a China. Segundo a Abiarroz, os chineses poderiam demandar inicialmente cerca de 1 milhão de toneladas ano, o equivalente às exportações totais brasileiras.
Análise de preferências e demanda dos chineses por tipos de arroz para possível internalização no Brasil.
Jovem Pan