Plano Safra: Crédito para o agro está travado

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Cerca de 60 dias após o lançamento oficial do Plano Safra 23/24, agricultores de diferentes regiões do Brasil relatam dificuldade de acesso ao crédito rural oficial com taxas de juros subsidiadas. Pelas redes sociais, a audiência agro me informou que em Bagé, no Rio Grande do Sul, os negócios estão trancados. Em Governador Luiz Rocha, no Maranhão, o pessoal do banco fala que não tem recurso. Em Quirinópolis, Goiás, o recurso está escasso. Em Martinópolis, São Paulo, não há quase nada de recurso. As mensagens refletem a realidade: o crédito rural do Plano Safra está travado. Ao analisar os dados do Banco Central, vemos uma queda de 47,3% no número de contratos da agricultura familiar na comparação entre julho deste ano e do ano passado. Para a agricultura de médios e grandes, o recuo é de 36,8% e o volume de recursos acessados também recuou. A demanda aquecida encontrou um orçamento enxuto e o resultado foi uma torneira do crédito que se fechou rapidamente ou que pinga gota a gota algum dinheiro lá e outro cá. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam que até o momento, 98% do recurso da equalização das taxas de juros já foi consumido. Ou seja, deve faltar orçamento para dar fôlego ao Plano Safra nos próximos meses. Para resolver o problema, o governo precisará remanejar recursos de outros lugares.

Há expectativas de que o Ministério da Fazenda autorize a antecipação do repasse de recursos equalizados previstos para outubro agora para o trimestre que encerra em setembro. Esse controle trimestral dos recursos adotado pelo governo também tem dificultado a fluidez do Plano Safra, assim como mudanças nas normas do Proagro que atingem diretamente os que mais precisam: agricultores familiares que sem o seguro, não conseguem a gestão de risco necessária para acessar o crédito rural. O agronegócio tem apetite para investir e aumentar a produtividade, mas encontra no escasso crédito oficial uma barreira para o custeio da lavoura e o investimento em novas tecnologias. Ano após ano, a mesma situação tem se repetido: há demanda por crédito, mas o recurso não é suficiente para todo apetite do setor. Que pena que um dos setores mais dinâmicos e prósperos da economia não é considerado uma prioridade no Brasil.

Nota Pé: O secretário de Politica Agrícola, Wilson Waz, informou que as linhas suspensas pelo BNDES receberam ofício autorizando a antecipação de recursos. Com isso, ele acredita que a situação deverá ser normalizada. Sobre comprometimento de 98% do recurso para equalização de juros, o secretário de governo disse que a informação não procede.

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