A Polícia Civil cumpriu na manhã desta quinta-feira (26) dois mandados de busca domiciliar, em Presidente Venceslau (SP), durante a Operação Vultus, que investiga a atuação de uma associação criminosa dedicada à prática de estelionatos, cometidos por meio de financiamentos fraudados de veículos e lavagem de dinheiro.
Nove mandados estão sendo cumpridos em diversos estados do país, incluindo dois em São Paulo (SP), dois em Curitiba (PR), três em Sapiranga (RS) e, por fim, dois no extremo oeste do interior paulista.
As investigações apontaram que uma empresa de revenda de veículos, localizada em Presidente Venceslau, firmava contratos com uma financeira de créditos e, em seguida, passava a formalizar e encaminhar diversas propostas de financiamento de carros supostamente negociados naquela revenda.
No entanto, a polícia estima que, em ao menos 11 desses contratos, as vítimas, todas mulheres e residentes na Região Metropolitana de São Paulo, contestaram os financiamentos celebrados com a financeira e alegaram, inclusive, jamais terem comparecido a Presidente Venceslau.
Da mesma forma, a Polícia Civil descobriu que os proprietários dos então automóveis frutos das vendas “sequer sabiam que seus veículos estavam sendo usados nesses contratos”.
‘Buquê de flores’
Investigações preliminares indicaram que a empresa de revenda de veículos estaria formalizando contratos de financiamentos envolvendo uma negociação fictícia de carros e, para a aprovação de crédito, faziam contato com as vítimas, no dia do seu aniversário, e forjavam a entrega de um buquê de flores.
De acordo com a Polícia Civil, diante da necessidade de validação do financiamento por meio do reconhecimento facial da suposta solicitante, as mulheres eram convencidas pelo entregador das flores a fazer uma selfie, acreditando que se tratava de um pedido dos remetentes, que, na verdade, não existiam.
A estratégia era utilizada pelos criminosos como forma de comprovar às financeiras de crédito a vontade da vítima em “fazer o financiamento”. Com o registro fotográfico, os valores eram liberados para a suposta empresa de revenda de veículos, que firmava o falso contrato, concretizando a venda com a foto da vítima, utilizada como uma espécie de assinatura digital.
“Eles [criminosos] chegavam com o financiamento praticamente pronto. Esperavam somente um momento propício para captar a selfie”, ressaltou a Polícia Civil.
Ao g1, a polícia disse que a hipótese trabalhada nas investigações para a escolha das vítimas, com idades entre 30 e 40 anos, é a de que mulheres estão mais suscetíveis a receberem buquês de flores em datas comemorativas, como aniversários, o que não acontece geralmente com os homens.
“As instituições financeiras têm empregado mecanismos para evitar fraudes, e o reconhecimento facial é um deles. Ninguém, em pleno aniversário, poderia imaginar estar caindo em um golpe ao receber flores. A associação se aproveitou dessa oportunidade”, afirmou.
Prejuízo
Estima-se que a associação criminosa tenha causado prejuízos de mais de R$ 700 mil a pelo menos 50 vítimas em todo o Estado de São Paulo, segundo a Polícia Civil, além dos próprios donos dos carros, supostamente financiados, envolvidos indevidamente nas fraudes.
Durante as diligências, 10 veículos foram apreendidos.
Investigações
Um inquérito policial foi insaturado pela Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Presidente Venceslau.
Nesta etapa, as investigações concentram-se em realizar oitivas e analisar materiais apreendidos, como documentos, computadores e celulares, que serão analisados e periciados com o objetivo de se chegar a novos nomes supostamente ligados aos esquemas, conforme ressaltou a Polícia Civil.
G1PP