A campanha dos candidatos a prefeito e vereadores está a todo vapor. O que importa agora é a oratória de cada um, a forma como se expressa e faz valer a sua palavra, transmitindo ideias com convicção. Você sabia que alguns deles conseguem o nosso voto até mesmo contra a nossa vontade? Esse é o fenômeno da persuasão: levar alguém a agir conforme a vontade do candidato, fazendo com que aceite uma determinada ideia, mesmo não estando totalmente convencido.
O candidato é persuasivo ou somos nós que acabamos sendo levados no bico? E a resposta é: se eles conseguem a votação de que necessitam, são sim persuasivos. Como perceber esses artifícios retóricos, com discursos envolventes e cheios de truques?
Escapa de um, vem outro
Sem debater com eles, a nossa única arma de defesa é o voto. O duro é que escapamos da ladainha de uns e entramos na de outros. Mas se formos criteriosos na análise, poderemos escolher os menos ruins, o que já será uma grande vantagem.
Para entender melhor o que é persuasão, vamos a um conceito simples, mas esclarecedor: o termo persuadir vem do latim persuadere, que significa induzir alguém a crer ou concordar com uma ideia, uma tese ou uma proposta. O objetivo é fazer o ouvinte proceder de acordo com suas intenções, independentemente de querer ou não o que está sendo sugerido.
O candidato é seu melhor e seu pior argumento
A fama de um político precede sua fala. Hoje, informações sobre cada um deles estão disponíveis com um simples clique nos mecanismos de busca. Mesmo sem contato direto, provavelmente já teremos informações sobre ele. Suas ações passadas — boas ou ruins — serão conhecidas. Se ele andou na linha, estaremos mais receptivos às suas ideias. Basta que apresente explicações claras e mostre as vantagens de seguir suas propostas, para sermos persuadidos a votar nele.
Como os políticos argumentam?
Os argumentos são utilizados estrategicamente. Observe como eles agem. Se possuem argumentos sólidos, apresentam-nos isoladamente, para que se destaquem. Se possuem argumentos frágeis, apresentam-nos em conjunto, para que a quantidade compense a falta de qualidade. Se possuem argumentos com pesos diferentes, começam com um bom argumento, passam pelos mais frágeis e terminam com o mais forte e irrefutável.
Exemplos, comparações, estatísticas, pesquisas científicas, teses e testemunhos são algumas das formas mais comuns de argumentos utilizados pelos políticos. A escolha dos mais adequados dependerá da situação e das necessidades do momento.
As armadilhas no caminho dos políticos
Alguns políticos não se dão conta de que armam para si próprios uma armadilha. Eles se apaixonam por um único argumento. Certos candidatos se apegam tanto a uma ideia que passam a repeti-la incessantemente. O excesso de repetição acaba enfraquecendo até o melhor dos argumentos.
Da mesma forma, outros usam muitos argumentos e prejudicam sua exposição. O excesso pode dispersar a atenção dos eleitores. Alguns inexperientes, sem o traquejo de campanhas passadas, recorrem a argumentos polêmicos para apoiar outros também discutíveis.
Por exemplo, defendem o aborto — um tema que divide opiniões — tentando justificá-lo mencionando a pena de morte, pois convencer o eleitorado sobre ambas as questões se torna mais difícil.
Quem se prepara tem mais chances de êxito
Um bom argumento pode perder sua força diante de objeções inesperadas. Por isso, quem se prepara vai mais confiante para a luta eleitoral. Organizam os melhores argumentos e antecipam as possíveis discordâncias.
Se forem contestados por um único ponto, a estratégia é clara: fazem a defesa no momento. Mas se forem confrontados com ataques à maioria ou à totalidade de seus argumentos, deixam a defesa para o final, já que todo o seu raciocínio estará em xeque.
Esse nível de preparação dá a eles segurança e demonstração de competência para não apenas persuadir, mas também se defender com equilíbrio e assertividade. Quem dominar com mais habilidade essas técnicas terá melhores condições de conquistar o voto dos eleitores.
Analisemos bem esses detalhes
Quantos de nós nos arrependemos pelo voto que demos a determinados candidatos. Fazem um discurso, mas depois que tomam posse passam a ser outra pessoa, pois não põem em prática o que prometeram.
Por isso, “ouvir nas entrelinhas”, identificar as sutilezas do que não está claramente falado ou expresso, adquire importância fundamental na avaliação da oratória desses candidatos.
Jovem Pan