Soja: Plantio em Mato Grosso já é o mais lento dos útimos 3 anos

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A safra de soja 2024/25 em Mato Grosso, o maior produtor nacional, começou com um atraso significativo devido à irregularidade das chuvas. Esse atraso gera preocupação entre os produtores rurais, principalmente em relação à segunda safra de milho, que depende da janela de plantio após a colheita da soja.

O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima um atraso na ordem dos 34% em relação ao mesmo período do ano passado e de 19% na comparação com a média dos últimos cinco anos. Em outubro de 2024, o plantio atingiu apenas 25,08% da área prevista, o ritmo mais lento em três anos.

Falta de chuvas

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A escassez de chuvas no início do período ideal para o plantio foi o principal fator para o atraso. A Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso) alerta para o impacto na segunda safra, o milho “safrinha”, que pode sofrer perdas significativas devido à janela de plantio reduzida. O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Beber, destaca a preocupação com o deslocamento da época de plantio e o fotoperíodo, que podem comprometer a produtividade da soja.

Segundo Lucas, com temperaturas elevadas e pouca umidade no solo, o metabolismo da planta é prejudicado. “A soja, que precisa de condições adequadas para absorver nutrientes e realizar fotossíntese de forma eficiente, acaba gastando mais energia e podendo perder produtividade, como já foi observado em safras anteriores.“, explica o presidente da Aprosoja.

Apesar do atraso, as chuvas que ocorreram nas últimas semanas impulsionaram o plantio, elevando a área semeada para 18% no Brasil. No entanto, esse percentual ainda é inferior aos 30% registrados no mesmo período do ano passado. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reforça a preocupação com o atraso e aponta que a situação em Mato Grosso é a mais crítica desde a safra 2020/21. Nesta semana, técnicos da Conab iniciaram as pesquisas em todo o país para compor o 2º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25. O trabalho contempla todos os estados da federação, com saídas de campo em São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Mato Grosso, Sergipe e Alagoas. Os números atualizados, com o resultado da produção em todo o país, serão divulgados no dia 14 de novembro.

Mercado aquecido

A situação climática traz incertezas para o setor, mas as perspectivas para o preço da soja são melhores. Com o atraso no plantio e a demanda aquecida, o preço da soja subiu em Mato Grosso, atingindo o maior patamar desde o início do ano. No entanto, a rentabilidade dos produtores pode ser afetada pela queda na produtividade, caso o atraso no plantio impacte o desenvolvimento das lavouras.

A região Norte de Mato Grosso lidera o plantio da soja no estado, mas também enfrenta o desafio do atraso. Produtores rurais de diversas regiões do estado estão atentos à evolução do clima e buscam alternativas para minimizar os impactos do atraso na safra.

Atraso pode afetar o milho segunda safra

Se a situação da soja já é motivo de apreensão, o cenário para o milho segunda safra é ainda mais crítico. O milho no Brasil é amplamente cultivado logo após a colheita da soja, em um sistema conhecido como “safrinha“. Entretanto, o atraso no plantio da soja inevitavelmente desloca o calendário para o milho, que corre o risco de ser plantado fora da janela ideal.

“Estamos preocupados com as perdas, pois a tendência é que a soja tenha seu ciclo afetado, o que impacta diretamente a qualidade e quantidade da colheita, além de prejudicar o ciclo do milho“, comenta Lucas Beber.

AGRONEWS