Mercado sobe projeção para inflação e juros em 2022 e 2023

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O mercado financeiro voltou a revisar para cima as expectativas para a inflação e os juros neste ano e em 2023 em meio às pressões geradas pelo conflito no Leste Europeu, segundo previsões publicadas nesta segunda-feira, 21, no Boletim Focus, a pesquisa semanal que o Banco Central (BC) faz com mais de uma centena de instituições. A previsão para a variação de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano passou de 6,45% para 6,59%. A nova estimativa — a décima mudança consecutiva para cima —, afasta ainda mais a confiança do mercado na capacidade de a autoridade monetária cumprir a meta da inflação em 2022, de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual, ou seja, entre 2% e 5%. Caso se concretize, será o segundo ano seguido que o teto imposto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é estourado. Em 2021, o IPCA encerrou em 10,06%, quase o dobro do limite de 5,25%. A alta inflacionária prevista para 2022 contamina a expectativa para o ano que vem. Para 2023, a projeção passou de 3,7% para 3,75%, na segunda semana seguida de aumento. Para analistas, o BC já abandonou as expectativas para 2022 e foca em deixar a inflação abaixo do teto em 2023, ano em que a autoridade monetária vai perseguir a meta de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%.

A previsão de inflação mais alta deve pressionar pelo maior aperto monetário. A expectativa para a Selic ao fim de 2022 passou de 12,75% para 13% ao ano, a segunda mudança seguida. A nova previsão ocorre após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar os juros de 10,75% para 11,75%, na semana passada. A alta veio em linha com o esperado pelos analistas e indica a desaceleração da escalada da Selic após três altas de 1,5 ponto percentual seguidas. O BC deixou contratado novo aumento de 1 ponto percentual para o encontro agendado nos dias 3 e 4 de maio. Os analistas também subiram a expectativa para os juros em 2023 de 8,75% para 9%, a terceira semana de revisão para cima.

A Selic é a principal ferramenta do BC para conter a variação de preços, e a sua escalada incide diretamente na desaceleração da economia pela taxa ser usada como referência para empréstimos bancários e financiamentos. A expectativa de juros maiores levou à retração da projeção do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 de 1,43% para 1,3%. Para este ano, a projeção foi levemente alterada para cima de 0,49% para 0,5%. Apesar da alta, a previsão ainda se mantém distante da estimativa de alta de 1,5% esperada pelo Ministério da Economia. O mercado manteve a expectativa do câmbio para R$ 5,30 ao fim deste ano, enquanto para 2023 a previsão sofreu leve alta de R$ 5,21 para R$ 5,22.

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