Embrapa mapeia sequestro de carbono no agronegócio

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está desenvolvendo um estudo inédito que vai estimar o estoque de carbono em 6 mil hectares de citros e na vegetação nativa das fazendas dessa área. A região representa o maior cinturão citrícola do mundo e produz 60% de todo o suco de laranja consumido no planeta. O projeto é uma parceria entre a Embrapa e o Fundecitrus e é patrocinado pela empresa de sucos e smoothies Innocent Drinks. Os resultados do estudo vão revelar quanto de carbono a produção de citros do Brasil armazena. O estoque pode levar, no futuro, à precificação de carbono para essas áreas de preservação e outros indicadores de sustentabilidade que podem ser parâmetros para o pagamento por serviços ambientais.

Com esse mapeamento do sequestro de carbono, a Embrapa dá mais um passo rumo à construção de metodologias próprias para calcular o sequestro de carbono no agronegócio brasileiro. O que é uma saída importante para a checagem e auditoria de sustentabilidade daqui. Com a robustez do trabalho da Embrapa, podemos ter um indicador de carbono da agricultura tropical, o que evitaria imprecisões de modelos internacionais que podem não capturar características ligadas às condições climáticas, tipos de solo específicos e práticas como fixação biológica de nitrogênio, integração lavoura-pecuária-floresta e a adoção do sistema de plantio direto usados aqui. Além das boas práticas agrícolas, o Brasil vem avançando na agenda verde. No último mês, o governo federal publicou um decreto regulamentando o mercado de carbono. A consultoria Agroicone afirma que os avanços devem ocorrer principalmente na questão da metodologia, que precisa ser cientificamente aceita no mercado internacional e comprovar a capacidade do agro de retirar carbono da atmosfera.

Estamos caminhando. Quando vemos iniciativas como a da Embrapa na cadeia citros, fica evidente que a direção dos trabalhos está correta. A empresa de pesquisa inclusive diz que o método pode ser cientificamente replicado em outras cadeias. Multinacionais do agro, como a Cargill, validam a proposta de um método exclusivo do Brasil. A companhia diz que mesmo os mercados consumidores mais exigentes podem entender que a agricultura brasileira possui características únicas e, portanto, precisa de uma metodologia própria. O mundo rural dedica 2,8 milhões de km² à preservação da vegetação nativa, ou, 33,2% do Brasil, segundo dados do Cadastro Ambiental Rural e IBGE, sem citarmos as práticas agrícolas sustentáveis. O futuro nos indica que há potencial para o agricultor receber por essa preservação de áreas nativas e práticas agropecuárias já utilizadas. A velocidade com que isso pode acontecer vai depender dos esforços realizados agora.

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