Aproximadamente 12,3 milhões de pessoas convivem com o diabetes no Brasil. Com base nesse dado, o Ministério da Saúde responde às dúvidas mais comuns em relação à doença. Segundo a pasta, a adoção de uma vida saudável e a prática regular de atividades físicas são as principais medidas que previnem e controlam o diabetes mellitus.
Quem responde as perguntas são a doutora em endocrinologia, médica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Departamento de Saúde Pública da Sociedade Brasileira de Diabetes, Karla Melo, e especialistas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) do Ministério da Saúde.
O que é diabetes?
É uma síndrome metabólica e multifatorial que faz com que o organismo desenvolva defeitos na ação ou secreção da insulina. É caracterizada pela hiperglicemia crônica, que é o aumento dos níveis de açúcar no sangue e se desenvolve por meio de fatores genéticos, biológicos e ambientais. Pode ser classificado como diabetes tipo 1 ou tipo 2.
Qual a diferença entre o diabetes tipo 1 e tipo 2?
No diabetes tipo 1, o organismo perde sua capacidade de metabolizar a glicose (açúcar). O diagnóstico é precoce e normalmente acomete crianças e adolescentes. Além disso, o fator hereditário, que é quando há histórico familiar, pode contribuir também.
Já o diabetes tipo 2 se caracteriza pela resistência da insulina, se apresenta de maneira gradativa e é mais comum em adultos com hábitos inadequados que resultam no excesso de peso, dislipidemia (gorduras no sangue) e hipertensão. Esse tipo de diabetes não é comum em crianças.
Quais os sintomas no diabetes tipo 1?
Os sintomas mais frequentes nesse tipo de diabetes são:
aumento da fome
sede constante
necessidade de urinar várias vezes
fraqueza
fadiga
perda de peso inexplicável
náusea
vômito
Quais os sintomas no diabetes tipo 2?
No diabetes tipo 2, as manifestações podem incluir: fome frequente, sede constante e vontade de urinar diversas vezes. Nos casos mais avançados, com complicações, pode ocorrer formigamento nos pés e mãos, infecções frequentes na bexiga, rins, infecções de pele, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.
Quais os fatores de risco do diabetes?
Além dos fatores genéticos e a ausência de hábitos saudáveis, existem outros fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento do diabetes.
Pressão alta
Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue
Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura
Pais, irmãos ou parentes em primeiro grau com diabetes
Doenças renais crônicas
Histórico de doenças cardiovasculares
Tabagismo
Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg
Diabetes gestacional
Síndrome de ovários policísticos;
Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar
Apneia do sono
Uso de medicamentos da classe dos glicocorticóides
Qual a diferença entre o pré-diabetes e o diabetes?
O pré-diabetes é o estágio que precede o diabetes tipo 2. A diferença entre eles é a glicemia. O estado de normalidade da glicemia em jejum é de 70 mg/dl a 100 mg/l. Com níveis de glicemia em jejum, entre 100 e 125 mg/dl, essa pessoa é classificada como pré-diabética, ou seja, seus níveis glicêmicos estão acima do normal, mas ainda abaixo dos valores de diagnósticos DM. Já níveis a partir de 126 mg/dl caracterizam um diagnóstico de diabetes.
Como o diabetes é diagnosticado?
Tanto o diabetes do tipo 1 como o tipo 2 podem ser diagnosticados por meio de exames de sangue.
Quais as complicações do diabetes?
O paciente portador de diabetes precisa fazer o controle da doença para evitar complicações em outros órgãos, como o cérebro, causando acidente vascular cerebral; olhos (retinopatia diabética), causando cegueira; coração, causando ataque cardíaco; rins (nefropatia diabética), causando doença renal crônica; nervos (neuropatia diabética), causando diminuição da sensibilidade nos pés e ouvidos causando a perda da audição.
O diabetes tem cura?
Não. Mas é possível fazer o controle da doença, tanto no tipo 1 quanto no tipo 2, e a pessoa precisará de um tratamento permanente para manter os níveis de açúcar adequados no sangue.
Quais as formas de prevenir?
Vida saudável é a resposta. A melhor forma de prevenir o diabetes e diversas outras doenças é a prática de hábitos saudáveis, como comer diariamente verduras, legumes e pelo menos três porções de frutas. Reduzir o consumo de sal, açúcar e gordura, parar de fumar, praticar exercícios físicos regularmente, (pelo menos 30 minutos todos os dias) e manter o peso controlado.
Tem tratamento no SUS?
Sim, existe tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio das unidades básicas de saúde (UBS) é feito o rastreamento e a identificação precoce; consulta médica multiprofissional; atendimento domiciliar; avaliação e cuidados com os pés; ações de educação em saúde; prevenção e manejo das complicações crônicas do diabetes; academia de saúde, acolhimento à demanda espontânea em casos de descompensação do DM (hipoglicemia e hiperglicemia) e ações de Saúde Bucal.
Além disso, o SUS disponibiliza práticas integrativas e complementares em saúde (PICS) que podem ser oferecidas adicionalmente. Para os pacientes com condições que necessitem de acompanhamento especial, poderá ser encaminhado à Atenção Especializada e, posteriormente, deverá ter o cuidado continuado nas UBSs.
A pessoa com Diabetes tem acesso a medicamentos fornecidos para o seu tratamento, que incluem insulinas e antidiabéticos orais. É importante ressaltar que o fluxo de distribuição e a seleção desses medicamentos é de responsabilidade dos municípios, no âmbito da APS e demais pontos da rede de saúde.
Os antidiabéticos orais podem ser adquiridos nas UBS, farmácias municipais, farmácias populares ou via componente especializado de assistência farmacêutica, a depender do medicamento. Atualmente, são oferecidos Cloridrato de metformina, Glibenclamida, Gliclazida e Dapagliflozina.
Evely Leão – Ministério da Saúde