Uma startup brasileira tem tido destaque nos cenários nacional e internacional por desenvolver um sistema que transforma água contaminada em água potável. O equipamento consiste numa caixa fácil de transportar com uma mangueira de entrada para a água contaminada e uma mangueira de saída, onde o líquido sai filtrado. O processo de purificação leva em média meia hora. A PWTech, e seu sistema de produção de água potável, está presente nas principais crises humanitárias deste ano, como a guerra na Ucrânia e nos desastres naturais em Tonga, além do terremoto de 2021 no Haiti. A tecnologia foi desenvolvida em 2019 em parceria operacional com duas universidades públicas importantes, a Escola Politénica da Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Carlos.
Fernando Silva, CEO da PWTech, diz que a característica do produto é que ele elimina vírus e bactérias e purifica quase 6 mil litros de água por dia. “Isso dá para atender comunidades com mais de 200 a 300 pessoas, porque o limitante dele é o corte que você faz no consumo percapita de consumo. Por exemplo, na Ucrânia, o corte que você faz para cada habitante, quando estão em situação de vulnerabilidade, é de 15 litros por dia por pessoa. Então, nós estamos atendendo na Ucrânia mais de 10 mil pessoas por dia, que utilizam o equipamento. Mas ele é muito simples, se leva no bagageiro no carro, se você chegar do lado de um rio, joga ele do lado do rio, joga a mangueira dentro do rio, se você tiver ou na bateria do carro ou uma placa solar você começa a fazer água imediatamente”, diz.
Questionado se a máquina seria capaz de purificar a água que corre no rio Tietê, em São Paulo, Fernando Silva comenta: “Ele tem limitantes de entrada, senão vai entupir tudo. Mas o teste foi feito na represa billings, na represa guarapiranga, na lagoa da Ufscar, que são águas muito contaminadas. A gente limita a entrada, é um termo técnico, mas em 15 LTU, a turbidez da água [medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de água, conferindo uma aparência turva à mesma]. Mas um rio Tietê, 90% dele, está com a turbidez perto de 15. Então, sim, ele poderia ser usado, entrar no equipamento e fornecer água potável”, afirma.
O aparelho tem capacidade filtrante para 150 mil litros de água. Depois dessa quantidade é necessária a substituição das membranas e do filtro. Alexandre Captian, técnico em química e tecnólogo em ambiental, diz que é importante ter equipamentos que são facilmente transportáveis, porque o Brasil sofre com enchentes, queimadas e desabamentos. “A gente teve o caso da Vale, várias cidades sem água, teve Teresópolis, enfim, esses desastres acontecem no Brasil o tempo todo. A gente precisa ter uma solução factível de ser usada num tempo curto de uso. Mas o correto é sempre trabalhar com sistemas projetados para suportar essas variações. E isso tem sido feito em alguns locais também”, diz. No Brasil, 30 milhões de pessoas vivem sem água tratada e 100 milhões não têm coleta de esgoto, de acordo com o relatório anual divulgado pelo Instituto Trata Brasil-ITB.
*Com informações do repórter Victor Moraes – Jovem Pan