O Centro-Oeste pode se transformar, nos próximos anos, no mais novo polo de frutas do Brasil. A ideia é que a região da Rede de Desenvolvimento Integrado do Distrito Federal (Ride-DF), que engloba Goiás, Minas Gerais e o DF, se torne uma referência nacional no plantio comercial (não extrativista) de açaí, fruto típico da Região Amazônica.
Centenas de mudas de variedades de açaí desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já começaram a ser distribuídas para agricultores familiares desses estados. Inicialmente, serão plantados mil hectares de açaí, envolvendo a participação de cerca de 100 cooperativas e mais de mil produtores rurais. A meta é entregar mais de um milhão de mudas até maio de 2023.
A iniciativa faz parte das ações da Rota da Fruticultura Ride-DF. Para fazer parte do projeto, é necessário que sejam utilizadas as mudas certificadas pela Embrapa, o que garante qualidade e produtividade. A previsão é que os cultivos comecem a dar frutos de forma plena em três anos. Até lá, é sugerido aos agricultores um trabalho de consórcio com outras culturas. Ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação estão previstas para monitorar os pomares implantados e atender as demandas reais do setor produtivo.
Rota da Fruticultura Ride-DF
Diferentes frutíferas exóticas e nativas serão trabalhadas na Rota da Fruticultura. Para isso, atividades estão sendo realizadas reunindo fruticultores, agentes públicos e privados, técnicos, profissionais do setor e grupos empresariais dispostos a participar de forma efetiva para o desenvolvimento da fruticultura, gerando impactos econômicos e sociais na região. A Rota da Fruticultura é coordenada pela Codevasf e desenvolvida em conjunto com a Embrapa e Conab, além de diferentes parceiros públicos e privados.
De acordo com Luís Curado, coordenador da Rota, desde a concepção do projeto a ideia sempre foi focar os trabalhos em cultivos que tivessem um alto valor agregado, como é o caso do açaí e, também, do mirtilo e de outras frutas vermelhas (berries). Segundo ele, o novo polo frutícola que está sendo criado também terá como foco o cultivo do morango, da amora, da framboesa e da jabuticaba.
Ainda terão espaço e incentivo outras frutas cultivadas com sucesso na região do Cerrado, como goiaba, mamão, maracujá, pitaya, abacate, citros, além dos frutos nativos do bioma, que são um meio de geração de renda para pequenos produtores em áreas de recomposição de passivo ambiental e também áreas com aptidão para o extrativismo.
Segundo Curado, o trabalho da Rota da Fruticultura está se tornando referência e servindo de exemplo para outras rotas de integração nacional. “Simplificamos a metodologia do programa. Nosso objetivo é identificar os problemas, suas causas e soluções. Além disso, nosso planejamento é amplo e vai desde a muda certificada até o consumidor final”, contou. De acordo com o coordenador, o objetivo do programa é gerar riqueza no campo. “Para isso, tem que ser um trabalho integrado, com foco no cooperativismo, no associativismo, na organização e capacitação dos agricultores”, completou.
As ações em andamento da Rota da Fruticultura foram apresentadas durante o Fórum da Fruticultura, encontro realizado dentro da programação da Expoabra 2022, evento que ocorreu de 6 a 18 de setembro, no Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília-DF. O Fórum teve como tema “A fruticultura transformando o cenário agrícola”. Além das ações da Rota, também foi apresentada a temática do mercado de frutas. “Mais de 80% das frutas consumidas em Brasília, por exemplo, vêm de fora. Temos um mercado grande a ser explorado. Nossa intenção é abastecer tanto esse mercado interno quanto o externo”, afirmou Curado.
Rotas de Integração Nacional
A Rota da Fruticultura Ride-DF é uma das Rotas de Integração Nacional, redes de arranjos produtivos locais associadas a cadeias produtivas estratégicas capazes de promover a inclusão produtiva e o desenvolvimento sustentável das regiões brasileiras priorizadas pela Política Nacional de Desenvolvimento Regional. O objetivo da Rota da Fruticultura é profissionalizar a cadeia produtiva da fruticultura, integrando os subsistemas de insumos, produção, extrativismo, processamento e comercialização, por meio da criação de sistemas agroflorestais, agroindustriais e de serviços especializados.
São parceiros o Ministério do Desenvolvimento Regional, Codevasf, Conab, além da Embrapa, com apoio da Superintendência Federal de Agricultura do Distrito Federal (SFA/DF), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Senar-DF, Emater-DF e Organização das Cooperativas do DF (OCDF).
*Com informações da Embrapa – Canal Rural