O que Lula e Bolsonaro levam na manga para o debate de domingo?

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Já está todo mundo roendo as unhas. A Band fará no domingo, 16, o primeiro debate do segundo turno entre Lula e Bolsonaro. No primeiro turno, com a grande quantidade de participantes, os candidatos quase não puderam digladiar, pois sobrava pouco tempo para cada um. Agora não. Serão apenas os dois. E com um novo modelo. Tanto na réplica quanto na tréplica, terão condições de discorrer mais ou menos à vontade a respeito de suas propostas e de se contrapor às teses adversárias. Lula é uma incógnita com relação ao programa de governo. Diz que vai dar mais emprego aos brasileiros, mas em seguida afirma que não sabe o que deve ser feito para conseguir esse objetivo. Da mesma forma, promete que o povo será mais feliz, mas também não mostra que caminho irá seguir para concretizar essa aspiração. Revela que todos irão comer picanha, mas não deixa claro que estratégia será empregada para que essa iguaria caia no prato da população. Bolsonaro vive uma fase muito propícia. Os números da economia são cada vez mais positivos. Terceira deflação sucessiva, chegando à quarta, já reduzindo o preço dos alimentos. Queda vertiginosa do desemprego. Crescimento do PIB. Aumento de investimentos externos. Recorde na apreensão de drogas e na queda de homicídios. Números cada vez mais expressivos do agronegócio. O que não falta é boa notícia. Essas informações poderão respaldar o discurso do chefe do Executivo.

No debate, o petista, ainda que não tenha divulgado nenhum programa, nem anunciado quem serão seus ministros, terá de dizer algo. Provavelmente fará referência aos melhores momentos de seu governo para argumentar que irá repetir o que realizou e, assim, dar ao brasileiro condições de cursar uma faculdade, viajar de avião, comprar fogão, geladeira e televisor. Também mostrará alguns números positivos da época em que, graças ao boom das commodities, surfou na economia mundial. Ainda que seja questionado, provavelmente, não revelará que deseja controlar a mídia, que é a favor do aborto e da liberdade de ação do MST. No momento de criticar, Bolsonaro destacará, com certeza, a roubalheira protagonizada pelo PT na época em que estiveram no poder. Falará também dos prejuízos descomunais das empresas estatais e fará comparação com os resultados positivos dessas mesmas empresas durante a sua gestão. Lembrará dos empréstimos, que nunca foram pagos, feitos aos países “amigos”. Mencionará que o PT se recusou a participar da aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento e da redução dos impostos dos combustíveis. Não perderá a chance de comparar a nossa recuperação econômica com a de outros países.

Lula não ficará quieto e vai usar a sua metralhadora verbal. Criticará Bolsonaro pelo atraso na compra das vacinas, lembrando que a CPI da pandemia registrou, em seu relatório, que houve indícios de corrupção na compra do medicamento. Talvez até culpe o presidente pelo “genocídio” de quase 700 mil brasileiros. É possível ainda que aproveite para censurar o péssimo relacionamento do Brasil com alguns países, especialmente os de viés progressista. Ah, a compra de imóveis com dinheiro vivo também poderá vir à tona. Quanto ao comportamento, se Bolsonaro mantiver a mesma atitude dos últimos confrontos, irá se expressar de maneira mais suave, sem tanta agressividade. Deixará para aumentar o tom nos casos em que precise falar com mais indignação. Será que irá resistir? Diante de seu mais ferrenho antagonista, sei não. Lula deverá repetir a conduta de sempre. Usará ironia e até deboche para responder aos ataques. Falará de maneira exasperada nos instantes em que acusar o governo de seus possíveis erros. Se Bolsonaro falar com irritação, é quase certo que o petista se valerá do recurso do qual sempre lançou mão, a chacota.

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Ao debater com Alckmin em 2006, por exemplo, depois de ser atacado tentou desestabilizar o oponente dizendo: “O governador há de convir que ele não pode ficar nervoso, bravo, e dizer mentiras. É só explicar sem ficar nervoso, sem essa coisa de ficar bravo. Alckmin, não faz o seu gênero. Eu o conheço, não faz o seu gênero”. Agiu da mesma forma no debate da Globo, durante o primeiro turno desta eleição. Ao ser criticado com veemência por Ciro Gomes, fez uso de sua tática preferida: “Ciro, tô achando você nervoso. Tô achando você nervoso”. Se o adversário ficar abalado diante desse comentário irônico, Lula aproveitará a vantagem para desestabilizar ainda mais o oponente, como fez com Ciro. Ou aproveitará para se desviar da crítica que recebeu, como fez com Alckmin. Outra estratégia do petista é a de responder às acusações de desmandos pedindo que apresentem provas dos números mencionados. Como ninguém leva esse tipo de comprovação, dá a entender que as informações não são verídicas. É de se imaginar que Bolsonaro estará preparado para essas armadilhas, e terá o contra-ataque na ponta da língua. Será uma disputa imperdível. Tão importante que pode até determinar o resultado final do pleito. Siga pelo Instagram: @polito.

Jovem Pan