Por que Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, é tão odiado?

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Desde que foi contratado pelo Palmeiras, em outubro de 2020, Abel Ferreira já foi punido pela arbitragem com 41 cartões, sendo 35 amarelos e 6 vermelhos. A última advertência ocorreu no sábado passado, 28, na vitória sobre o Flamengo, pela final da Supercopa do Brasil. Mesmo com a conquista da taça inédita e chegando ao sétimo título no clube, o treinador foi extremamente criticado por sua conduta à beira do gramado — desta vez, o português chutou um microfone em seu momento de fúria. A jornalista Milly Lacombe, do portal UOL, relacionou as atitudes do treinador com violência doméstica. Já o jornalista gaúcho Diogo Olivier citou o caso do ex-goleiro Bruno, que foi condenado pelo assassinato de sua amante, Elisa Samúdio, durante uma crítica ao ídolo palmeirense. Até a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) se manifestou, pedindo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) uma punição mais severa. Antes disso, vale lembrar, o técnico Mano Menezes, do Internacional, já havia dito que era um “juvenil” quando comparado ao comandante do Verdão — ele se referia a reclamações sobre a arbitragem. Mas, afinal, por que Abel Ferreira é tão odiado?

Para o comentarista Mauro Beting, do Grupo Jovem Pan, Abel Ferreira extrapola nas reclamações, mas sofre “perseguição” por empilhar títulos no Palmeiras. Além disso, o jornalista cita a xenofobia como um dos motivos para as críticas. “Ele cria essa reação negativa porque vence muito, porque extrapola no banco de reservas e não é uma pessoa fácil de lidar. Há um corporativismo dos treinadores. Há xenofobia de muita gente. E há uma reação por ele ser vencedor. Por ser um palmeirense que conhece o clube e estuda muito futebol, [sei que] o Palmeiras tem os seus treinadores visados. Grandes campeões, como Felipão, eram muito complexos e visados. Fora o fato de que o Abel não dá o nariz a torcer, o que cria algumas animosidades. Ele erra, sim, mas não merece tanto. Ele tem responsabilidade por isso, mas tem mais gente irresponsável. Muita gente perde a razão, assim como o Abel perde, com comentários no microfone. Não é só ele que chuta o microfone”, declarou.

No entendimento de Mauro Beting, nenhum outro estrangeiro sofreu tanto preconceito como Abel Ferreira, já que o palmeirense é o maior vencedor entre os gringos. “Jorge Jesus é muito mais complexo e complicado que o Abel, mas por ter feito o melhor trabalho neste século pelo Flamengo, que é o clube de maior torcida e mídia, é diferente do Palmeiras. A própria imprensa do Flamengo é mais barulhenta do que a do Palmeiras”, analisou. Ainda assim, o comentarista acredita que o comportamento do técnico pode afastá-lo de grandes oportunidades, como ser convidado para assumir a seleção brasileira ou portuguesa. “Acredito que ele pode perder oportunidades, sim, por ser desequilibrado. Erros de arbitragem acontecem e têm sido terríveis, mas não é por causa de um escanteio que você pode fazer isso (chutar o microfone). Eu amo ter o Abel como treinador, mas, até por gostar dele, eu fico puto. Mesmo se não fosse contra o meu clube, entenderia que ele não pode extrapolar. Resta saber uma coisa: se ele conseguir esse equilíbrio, as pessoas vão equilibrar as críticas? Às vezes, extrapolam nos elogios para ele, mas certamente muito mais nas críticas. Não merece ser tão perseguido”, completou.

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Qual foi a resposta de Abel Ferreira?

Logo após a vitória do Palmeiras sobre o Mirassol, na última quarta-feira, Abel Ferreira tratou de dar uma resposta aos críticos. O técnico, é verdade, admitiu que precisa ser mais controlado durante as partidas. Ainda assim, ele afirma não ter cometido nenhum excesso inédito no esporte. “O treinador do Palmeiras transgrediu as regras e punido. Quando olho para isso tudo, penso assim. O brasileiro vive em um país que gosta de novelas. Que belo enredo acharam aqui para fazer uma novela para calar e esconder o grande título, e inédito, que o Palmeiras ganhou. Desculpa, o que eu fiz, outros treinadores já fizeram”, declarou Abel. “Eu reconheço que meu comportamento passou dos limites, por isso fui punido. Reconheço que é um processo que tenho que melhorar. Mas não foi nada que outros treinadores já não tenham feito. Quiseram valorizar o meu comportamento em vez de valorizar a classe e categoria do grande espetáculo que houve, entre duas grandes equipes. Não fiz nada que o Guardiola não tenha feito, que o Klopp, Mourinho, Roger Federer… Ayrton Senna e [Alain] Prost, disputando um título e batendo um no outro”, finalizou.

Jovem Pan