O governador do Estado de São Paulo, João Doria, afirmou que os insumos da vacina CoronaVac estão presos na China, prontos para embarcar, apenas por questões políticas. Segundo o tucano, as falas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, insinuando que o país criou o coronavírus e o disseminou pelo mundo não foram bem recebidas em Pequim. Para Doria, esses embaraços devem ser resolvidos pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e o embaixador do Brasil na China, Paulo Mesquita. “Temos 10 mil litros de insumos da vacina do Butantan armazenados e refrigerados no depósito da Sinovac apenas esperando autorização do governo chinês para o embarque. São 18 milhões de doses da CoronaVac, tão necessária neste momento.”
Em entrevista Doria anunciou que nesta sexta-feira, 14, serão entregues mais 1,1 milhões do doses da vacina do Butantan. “Depois disso, não temos mais insumos para produção. O governo da China interrompeu [a entrega], aparentemente é um problema de ordem diplomática”, avaliou. O governador de São Paulo avaliou que não estranha essa atitude da China, já que ela é a maior fornecedora de vacinas e insumos contra o coronavírus no mundo. “As agressões feitam foram muito danosas. Ver um presidente da República dizendo que a China criou o vírus e disseminou a Covid-19 pelo mundo e o ministro da Economia falar a mesma coisa. Isso provocou uma reação muito negativa. Temos que, neste momento, apostar na boa conduta do Itamaraty.”
Para ele, o ministro Carlos França adotou o tom conciliatório e tem sido equilibrado — bem distante da postura de seu antecessor, Ernesto Araújo, que tinha um “tom ideológico”. Doria avaliou França como um homem de carreira e com larga experiência no Itamaraty, mas afirmou que até agora esse diálogo não teve resultado. “Ainda não tivemos confirmação do embarque. Eu mesmo falei com o embaixador da China no Brasil, Wanming Yang, ele tem sido extremamente correto, pedi apoio para que o governo da China pudesse destravar o mais rápido possível o embarque desses insumos.” Sobre um possível depoimento na CPI da Covid-19, João Doria afirmou que quem não deve, não teme.
Jovem Pan