A febre aftosa é uma doença infecciosa altamente contagiosa causada por um RNA-vírus e ocorre principalmente em bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos.
A principal via de infecção em ruminantes é pela inalação de aerossóis. A excreção do vírus inicia cerca de 24 horas antes da manifestação de sinais clínicos e continua por vários dias, podendo infectar rapidamente o rebanho por meio de saliva, secreções, leite e fezes.
Um período de incubação de três a oito dias é seguido pelos primeiros sinais da doença, como febre, diminuição da ingestão de alimentos, depressão e vesículas dolorosas nos lábios, gengiva, narinas e patas.
Os sinais clínicos acarretam emagrecimento, laminite e claudicação por causa das lesões localizadas nas patas, que levam a perdas na produção de carne e de leite.
A taxa de mortalidade é geralmente baixa, cerca de 2% dos animais adultos e 20% dos jovens, que podem morrer sem apresentar os sintomas. O tratamento, de modo geral, é contraindicado.
As perdas decorrentes de um surto da doença não se limitam apenas à pecuária, também afetam a economia da região atingida. Esse quadro é agravado quando está relacionado ao comércio internacional, que diminui as oportunidades de comercialização com outros países por conta da imposição de embargo à carne e aos derivados.
Programa Nacional de Erradicação e Prevenção de Febre Aftosa
O governo brasileiro erradicou a doença no país, alcançando o reconhecimento internacional da Organização Mundial de Saúde Animal em maio de 2018, por meio do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção de Febre Aftosa (PNEFA), que mantém as condições necessárias para garantir a condição de livre da febre aftosa devido ao fortalecimento dos mecanismos de prevenção e detecção precoce da doença.
Desde abril de 2006, o Brasil se mantém sem ocorrência da doença.
O PNEFA, um programa delineado para ser executado de 2017 a 2026, prevê a realização da transição de zona livre com vacinação para livre sem vacinação em todo o país, a partir da vacinação obrigatória, com previsão para atingir esse objetivo em 2023.
Calendário
Sobre o calendário de vacinação, em maio ocorre a primeira etapa e devem ser vacinados bovinos e búfalos de todas as idades em todo o país, exceto Santa Catarina, Acre, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, regiões do Sul do Amazonas e do Noroeste do Mato Grosso, pois o MAPA reconheceu esses estados como livres de febre aftosa sem vacinação em 2020.
A segunda etapa acontece em novembro, e nela serão vacinados bovinos e bubalinos com até 24 meses.
É preciso ficar atento ao calendário de vacinação e a possíveis ajustes de data em função da pandemia. Está disponível no site do Ministério da Agricultura.
Cuidados na vacinação
É importante que o produtor organize e prepare a propriedade para o momento de vacinação dos animais, principalmente com relação à estrutura do curral onde será realizada. O criador deve se organizar para fazer a vacinação dentro do prazo estabelecido pela legislação.
Os animais a serem vacinados devem estar sadios, por isso, é recomendado que o produtor faça uma triagem previamente e realize o tratamento de alguma possível enfermidade, visando ao reestabelecimento da saúde antes do período de vacinação.
A logística e a organização também devem ser pensadas, podendo-se dividir os animais em lotes para facilitar o manejo e escolhendo a hora mais fresca do dia para a vacinação.
A equipe deve estar treinada para que a contenção será rápida, segura e minimamente estressante aos animais.
As vacinas devem ser adquiridas somente em lojas cadastradas e autorizadas pelo Serviço Veterinário Oficial.
Verifique se as vacinas estão na temperatura correta, entre 2 e 8 graus. Para transportá-las, use uma caixa térmica com três partes de gelo para uma de vacina, mantendo a vacina no gelo até o momento da aplicação. Isso garante a eficácia do produto, já que a eficiência protetora da vacina está diretamente relacionada aos seguintes fatores: composição, conservação e correta aplicação.
Agite o frasco antes de usar, colete a dosagem de 2 ml com agulhas novas, adequadas e limpas e então aplique na região da tábua do pescoço, no músculo ou embaixo da pele. As agulhas devem ser substituídas com frequência (a cada dez animais) para evitar infecções.
Em virtude da pandemia, é importante que medidas preventivas sejam adotadas pelos trabalhadores rurais no exercício de suas funções, evitando a disseminação da COVID-19.
As orientações se baseiam em medidas de higiene, como lavar as mãos frequentemente e utilizar álcool em gel 70%, utilizar máscara de proteção, evitar tocar boca, olhos e nariz, manter uma distância média de dois metros entre as pessoas durante o manejo dos animais e dar preferência para que o uso das pistolas e de outros equipamentos de vacinação seja individual por trabalhador.
O criador deve realizar a declaração de vacinação on-line, devido à pandemia, e, se deixar de vacinar ou não comunicar aos órgãos responsáveis sobre a vacinação, paga multa cujo valor varia em cada estado.
Fonte: Pasto extraordinário