A Polícia Civil prendeu quatro homens e uma mulher, nesta terça-feira (26), durante a Operação Lost Line, cumprida nos estados de Goiás, Tocantins e São Paulo e ainda no Distrito Federal, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada no chamado “estelionato virtual”, que movimenta milhões de reais em todo o Brasil, e que desviou R$ 2,4 mil de contas bancárias de um casal morador de Presidente Prudente (SP).
As apurações tiveram início depois que a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), em Presidente Prudente, foi procurada pelo homem, de 35 anos, que alegou ter tido a sua conta bancária acessada por criminosos virtuais. De acordo com ele, o seu celular e o de sua esposa, de 31 anos, haviam sido bloqueados por terceiros.
Diante da denúncia, um inquérito policial foi instaurado e, após as investigações, seis pessoas foram apontadas como suspeitas de envolvimento com o grupo.
A Polícia Civil ainda mencionou que cada um dos suspeitos tinha “funções e tarefas determinadas” dentro das atividades do grupo criminoso.
“São pessoas associadas permanentemente e com técnicas específicas, que se especializaram em invasão de dispositivo eletrônico, ao criar páginas ou mecanismos de capturas de senhas bancárias, bem como arquitetaram manobra digital para a prática de estelionatos, falsificações e lavagem de dinheiro, usando nomes falsos ou perfis fakes, bem como contas bancárias. Há indícios de centenas de crimes idênticos praticados em todo o Brasil pelo mesmo grupo”, explicou a polícia.
Assim que o grupo criminoso obtém o acesso às contas e senhas, os serviços da operadora móvel das vítimas são desabilitados, o que as fazem acreditar se tratar de uma pane nos aparelhos e, enquanto isso, com a participação de funcionários terceirizados das operadoras de telefonia, os números dos chips são substituídos. Isso também provoca a troca da linha e o acesso ao chip por parte de qualquer um dos envolvidos.
Com a linha da vítima e o acesso à conta bancária, os estelionatários conseguem fazer o pagamento de contas e transferir valores. Isso porque a linha da vítima já fica direcionada aos telefones dos criminosos, então, não há a necessidade de confirmações bancárias.
As vítimas permanecem sem saber dos crimes até o retorno do sinal.
Nesta terça-feira, as cinco prisões preventivas, de quatro homens e uma mulher, ocorreram no Distrito Federal e nas cidades de Caldas Novas (GO), Palmas (TO), Ribeirão Pires (SP) e Santo André (SP).
Conforme a Polícia Civil, também houve o cumprimento de 11 mandados de busca para a apreensão de aparelhos eletrônicos e documentos, “visando à materialização de outros crimes, bem como a lavagem de dinheiro para futuro sequestro”.
“Foram vistoriadas casas de altíssimo padrão, com mobiliário e veículos importados e novos, com roupas com etiqueta e pagos acima de R$ 6.500,00 (em cada vestido), além da apreensão de dezenas de celulares, chips, notebooks e valores”, acrescentou.
O delegado Pablo Rodrigo França, responsável pelas investigações, mencionou que a apuração da Polícia Civil do Estado de São Paulo prosseguirá com o objetivo de descobrir “outros comparsas” e vítimas destes tipos de crimes.
Todos os suspeitos presos, que permanecem à disposição da Justiça, responderão pelos crimes de estelionato eletrônico, invasão de dispositivo, organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
O nome da operação faz uma referência à tradução da expressão “linha perdida” para o inglês porque as investigações se iniciaram depois que a vítima reclamou do não acesso ao próprio celular.
Orientações
Na tarde desta terça-feira, o delegado Pablo Rodrigo França orientou que as vítimas “jamais devem executar um arquivo que seja enviado por qualquer estabelecimento”.
“Nenhum estabelecimento envia arquivo para ser executado, de maneira esporádica, porque é a partir disso que eles [criminosos] conseguem acesso às coisas”, explicou.
Caso haja qualquer tipo de problema de telefonia, o delegado reforça que a primeira ação deve ser entrar em contato “imediatamente com a operadora, por outro número, para saber se houve transferência deste prefixo”.
Além disso, a vítima deve ir até uma delegacia para registrar o caso.
G1PP