Crise na alta do cacau? Indústria de chocolate fino agora tem dificuldade em encontrar derivados

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A oferta restrita de cacau e alta nos preços ainda trazem bastante incertezas ao setor de cacau e chocolates no Brasil. Os preços, apesar de registrarem baixas nesta quinta-feira (7), têm sustentação nos problemas da África e o cenário levanta uma série de preocupações.

Com a alta na matéria-prima, os derivados do cacau também registram valorização expressiva e o setor  Bean to Bar do Brasil já começa a sentir os impactos negativos e busca por soluções junto aos produtores e os demais elos da cadeia.

Desde que os preços começaram a subir a manteiga de cacau, por exemplo, atingiu níveis recordes para a indústria chocolateira do país. Antes ntes negociada por R$ 56,00 já é vendida por R$ 100,00, de acordo com informações da Associação Bean to Bar Brasil. O grande problema é agora além do alto custo, também há dificuldade de se encontrar o produto para compra.  

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Bruno Lasevicius – presidente da Associação, afirma que neste período de entressafra, os chocolateiros tentam entender se é falta do produto para compra ou então produtor aguardando para saber a direção do mercado, na expectativa de preços ainda mais altos.

Diante deste cenário, Bruno afirma que é importante que o setor esteja preparado para encontrar soluções, como por exemplo a utilização de frutas para elaboração de novos produtos e até mesmo focar no chocolate escuro, já que o ao leite e o branco necessitam de mais manteiga.

“No curto prazo nós temos algumas alternativas como essa e que podem trazer novas oportunidades para o Brasil e o mercado externo também, é preciso olhar por essa ótica apesar da busca pelo acordo entre produtores e indústria chocolateira”, afirma.

Chocolateiros do sistema “Bean to Bar” até o ano passado pagava entre R$ 45 e 50,00 o quilo do cacau fino. O produto tradicional era negociado entre R$ 20,00 e R$ 25,00. Atualmente, os custos avançaram e os pequenos empreendedores podem não conseguir arcar com o custo que está sendo operado entre R$ 60,00 e R$ 70,00, após a valorização em Nova York.

Bruno relata ainda que nos Estados Unidos, produtores de chocolate também sente os impactos da alta nos preço e a falta derivados, mas diferente do Brasil não contam com uma oferta ampla de frutas e outros produtos para traçar novos caminhos diante da crise.

Não há expectativa de mudança nos preços no médio prazo e por isso, o setor está buscando por soluções que envolvam toda cadeia. Entre elas, encontrar formas de consolidar o mercado de cacau fino no Brasil.

“É o momento de olhar para o futuro e também uma oportunidade para se consolidar e trazer mais lucratividade para todos os elos. É o momento de fazer uma divisão mais justa dos valores da cadeia. Uma coisa não existe sem a outra e por isso esse diálogo é muito importante”, ressalta.

QUEM APROVEITA A ALTA NOS PREÇOS?

Apesar da valorização chamar atenção, o presidente afirma que de modo geral o produtor brasileiro ainda não conseguiu aprovar o bom momento. Com exceção dos produtores que atendem a grande indústria, os pequenos que ainda precisam de um “atravessador” não conseguem negociação com os patamares mais altos.

Para o cacau fino, o cenário é semelhante e a condição de entressafra pode trazer ainda mais desafios para o setor. “Talvez agora fique ainda mais caro porque é preciso esperar a próxima safra, que já sabemos que vai atrasar”, afirma. O atraso na próxima colheita deve acontecer devido às irregularidades climáticas em importante período de floração nas lavouras. “É angustiante não saber como será, esse é o lado ruim, mas estamos focados em buscar solução”, finaliza.

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