O que esperar do Plano Safra 24/25?

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Após o governo adiar a divulgação do Plano Safra 24/25, a expectativa é que o anúncio das principais políticas de crédito rural para a próxima temporada sejam realizadas nesta quarta-feira (3). Confira a análise do ex-secretário de política agrícola, Guilherme Bastos, e do sócio da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, sobre perspectivas para o plano e os impactos do atraso do anúncio!

Não é ‘nada demais’ atrasar o anúncio do Plano Safra, como disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro?

Guilherme Bastos: De fato, não é um prejuízo, uma questão de vida ou morte. As propostas já chegam nos bancos de forma antecipada e estão lá esperando, aguardando todo esse processo de liberação das taxas das subvenções que precisam passar antes, a gente tem que lembrar, por uma reunião do Conselho Monetário Nacional antes de ser instruído para todo o sistema financeiro. A questão é que gera realmente essa expectativa. Se ele realmente atrasar demais é um problema porque você começa a comprometer todo o fluxo de insumos e de compras que você precisa para a próxima safra. E essa impiedade que mostra aí realmente um compromisso de realmente fazer com que a nossa produção se sustente da forma como a gente sempre deseja.

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Qual é o horizonte de taxa de juro que você tá enxergando para esse plano do dia 3?

Esse é o ponto exatamente. Eu não vejo espaço para mexer muito na taxa de juros esperado daí para a agricultura para os médios produtores e os demais justamente por isso. Eu lembro muito bem que no plano safra 22/23 a gente estava naquele momento de aceleração muito forte da taxa Selic. Há uma uma tendência de estabilidade e quem sabe até subir dependendo de como for a evolução desses gastos do governo. Acredito que tenha sido muito esse embate que tenha atrasado inclusive o anúncio naquela intenção de realmente ter um plano robusto da ordem de R$ 520 bilhões, como era anseio do setor.

Você acompanha os bastidores da política e tem visto que a relação entre o Lula e o Agro em alguns momentos ela aparece como uma relação antagônica. Seja em relação ao fracassado leilão do arroz seja em relação à medida provisória que gerava uma taxação indireta das exportações e agora mais recentemente com um atraso no anúncio do Plano Safra. Esses são sinais de uma relação que está azedando e que pode contar com um plano safra mais magro ou uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Não é que não tem nada a ver. Acho que naturalmente tem sempre uma questão política envolvendo onde você vai gastar o recurso escasso ou de quem você vai tributar numa agenda, por exemplo, de recuperação fiscal. Então essas são questões que estão colocadas aqui. Eu só não acho que é o objetivo do governo olhar para o plano safra pensando nessa transição 24/25 e olhar e vamos dizer ‘Olha nós vamos querer passar o facão no plano porque a gente não enxerga a importância que o plano tem’. Acho que o governo é bem consciente da importância. O agro é um setor bastante organizado é um setor responsável grosso modo é quem gera superávit da balança comercial, fundamentalmente. E isso contribui para várias questões econômicas, o governo é bem consciente. O problema é que de fato o governo está com um problemão na arena fiscal. Então o governo não sabe o que fazer, tentou a MP da PIS/Cofins, está tentando não fazer a desoneração da folha de pagamento, está tentando essa agenda de recuperação fiscal mas não consegue. E aí os programas que demandam investimentos volumosos acabam sentindo um mais ou menos essa situação.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan. – Jovem Pan