Em 102 de história da Jaguar, a marca do felino já passou por muitos altos e baixos e alguns recomeços. Mas nunca antes a fabricante passou por um momento tão polêmico como o atual. Pela primeira vez a Jaguar realmente vai para o tudo ou nada. Embora, a marca esteja enfrentando uma avalanche de críticas. O que muitos não percebem é o quanto essas reviravoltas são muito interessantes de assistir.
A Jaguar estava no limbo e agora é citada até em grupos de WhatsApp da família. E teremos que concordar que, para ter sucesso, antes é necessário ser notado. Mas agora teremos que concordar de novo: a Jaguar está sendo mais notada do que qualquer outra marca no momento. Seja graças a sua nova identidade ou às piadas com seu novo carro conceito.
Você pode dizer que ela está sendo odiada. Mas se ela for odiada pelas pessoas certas, há grandes chances de também ser amada pelo público certo. Pois, tudo que é odiado com força de um lado, é amado com força por outro. Isso serve para religião, futebol, política. Por que não serviria para Jaguar?
Que fique claro que quem vos escreve não é uma entusiasta da Jaguar ou qualquer coisa do tipo. Mas alguém que sabe que quando marcas estão prestes a virar cinzas, podem encontrar o caminho para o renascimento.
Fala sério, nós já vimos essa história antes. Só que com outros personagens. Lembra da Lego quando estava quase fechando as portas nos anos 2000? Ou quando a Apple perdia mercado de uma forma assustadora até 1997? Ou quando as coisas não iam nada bem para a Marvel a quase duas décadas atrás?
Alguns têm enxergado as mudanças da Jaguar como um giro de 360 graus e que se faz um estardalhaço para voltar para o mesmo lugar. Mas o giro aqui foi 180 graus, não é só barulho, ela realmente está mudando a rota. Quando uma marca centenária como a Jaguar adota esse tipo de estratégia é porque talvez ela realmente já saiba o caminho para o recomeço. Mas antes, que tal lembrarmos onde tudo começou?
Qual a história da Jaguar antes de ser a Jaguar?
Quando a história da Jaguar começou a mais de um século atrás em Blackpool na Inglaterra. Em 1922, ela era conhecida pelo nome Swallow Sidecar Company. Na época, o lucro da empresa de Willian Lyons e Willian Walmsley era fruto da comercialização de sidecars para motocicletas, que se diferenciavam pela sua qualidade, sofisticação e autenticidade.
Os sidecars da Swallow Sidecar tinham características únicas. Muitos eram inspirados no estilo Art Deco. A marca também priorizava o uso de materiais premium como madeira, couro e metais de alta qualidade. O objetivo era entregar além do funcional, que fosse atraente aos olhos para conquistar um público que buscava por algo além do que era oferecido por outros fabricantes.
Alguns anos depois, em 1935, os sócios Lyons e Walmsley resolveram se aventurar na produção de carros esportivos e mudaram o nome da marca para SS Jaguar. Porém, o nome não foi usado por muito tempo. Pois, apesar do “SS” ser uma referência as iniciais do nome Swallow Sidecar, acabou sendo relacionado à organização nazista Schutzstaffel. Por isso, durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa se tornou apenas Jaguar Cars Ltd.
Por que o nome Jaguar
O nome Jaguar foi escolhido pelos sócios porque o animal representava tudo que Lyons e Walmsley acreditavam que a marca representava: força, agilidade, poder e beleza. O grande felino encontrado em países da América incorporado a identidade da marca é um dos elementos que mais mexem com o emocional dos consumidores e a tornam um símbolo.
Alguns dos modelos mais lendários da história da Jaguar
Depois da Segunda Guerra, a história da Jaguar ganhou um novo capítulo. Ela passou a ter mais notoriedade depois de lançamentos que marcaram recordes importantes para a época. O Jaguar XK120 lançado em 1948 foi um dos primeiros. O modelo ganhou fama por ser o carro de produção mais rápido daquele tempo, chegando a 193 km/h.
A reputação da Jaguar só crescia e na década de 50 venceu por cinco vezes as 24 Horas de Le Mans com os icônicos C-Type e D-Type. A essa altura não se tinha dúvidas que os carros da Jaguar eram potentes e velozes. Mas ela queria ser reconhecida também por outros atributos. Em 1961, ela lançou o E-Type, reconhecido até hoje pela sua beleza. O modelo foi classificado por Enzo Ferrari como “o carro mais bonito do mundo”.
A primeira crise da história da Jaguar
Na década de 70 a Jaguar foi incorporada ao conglomerado British Leyland. A partir deste momento a Jaguar começou a enfrentar desafios inéditos como ser criticada pela má qualidade de seus produtos. Apesar dá má administração do grupo, modelos como XJ6 e XJ-S ajudaram a Jaguar a fazer jus a sua reputação de outrora.
Era Ford (1989 – 2008)
Muitos não sabem essa parte da história da Jaguar, mas ela pertenceu a Ford por quase duas décadas. Após ser privatizada em 1984, a marca começou a passar por algumas dificuldades financeiras até ser adquirida. O período em que a Ford esteve no comando foi marcado pela modernização e desenvolvimento de modelos como XK8 e o XJ repaginado.
Era Tata Motors (2008 – atual)
Em 2008, a indiana Tata Motors comprou a Jaguar e a Land Rover dando origem ao grupo JLR (Jaguar Land Rover). Com o comando da Tata a marca do felino ganhou fôlego novamente com o Jaguar F-Type, F-Pace e o elétrico I-Pace. Porém, com o passar dos anos embora assertasse por um lado, se perdia por outro.
A marca saiu do segmento de luxo para o premium para disputar mercado com marcas alemãs com o público consolidado como BMW, Mercedes-Benz e Audi. Além, da própria irmã Land Rover. Agora ambas disputavam na mesma categoria. Só que além do portfólio da Land ser maior, quando o assunto é SUV, ela sai à frente pelo seu histórico off-road.
Enquanto a Jaguar sofre pela falta de novidades, já que o último lançamento da marca foi o elétrico I-Pace em 2018. Nos últimos anos a Jaguar se viu obrigada a ir para o tudo ou nada diante de sua lucratividade baixíssima por falta de adesão do público.
Do recorde de vendas ao declínio e do declínio ao recomeço?
Em 2018, a marca bateu recorde de vendas ao ter 180.833 unidades comercializadas mundialmente. Porém, em 2020, a Jaguar e outras marcas enfrentaram o ano mais difícil da pandemia. Mas para a Jaguar as coisas ficaram muito piores nos anos seguintes. Em 2022, a fabricante vendeu 61.661 unidades mundialmente. Apenas um terço das vendas de 2018.
A Jaguar tem plena consciência que se perdeu no jogo e não têm dificuldades em admitir isso. Por isso, adotou uma nova estratégica tão radical. Mais uma vez a Jaguar está começando uma nova era. Só que agora o nomo capítulo da história da Jaguar será como fabricante de carros elétricos.
Mas não como qualquer fabricante de carros elétricos. Ela não quer voltar a disputar o mercado premium com o trio alemão compostos por BMW, Mercedes-Benz e Audi. O seu foco agora é se reposicionar no mercado de altíssimo luxo, onde está Bentley e Rolls-Royce. Mas será que ela tem o que é preciso para brigar com as britânicas superiores?
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