Trombofilia e gravidez: a condição silenciosa que pode comprometer a maternidade

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Muitas pessoas ouviram falar de trombofilia pela primeira vez durante a pandemia de covid-19, já que a infecção provocava em parte dos pacientes um aumento da coagulação, levando a eventos como trombose, derrames ou infartos. Mas a trombofilia é uma condição que vai além: como o próprio nome indica, trata-se da tendência aumentada de formação de trombos (coágulos) em diversas partes do corpo.

A trombofilia pode ser hereditária — quando transmitida geneticamente — ou adquirida, surgindo após doenças como a covid-19 ou condições autoimunes, como a síndrome do anticorpo antifosfolípide. Entre as formas hereditárias, destacam-se a mutação do fator V de Leiden e a mutação do gene da protrombina. Ambas alteram mecanismos naturais da coagulação, favorecendo o aparecimento de trombos em situações de maior risco, como a gestação.

Na vida da mulher, a maior chance de trombose ocorre justamente durante a gestação e no puerpério, que abrange as primeiras seis semanas após o parto. A gravidez, por si só, é uma fase em que o sangue se torna mais propenso à coagulação — uma adaptação natural do corpo para prevenir hemorragias. No entanto, em mulheres com trombofilia, esse risco é amplificado.

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A presença de trombofilia pode levar a complicações como:

abortamentos recorrentes no primeiro trimestre

doença hipertensiva da gestação (pré-eclâmpsia)

restrição do crescimento intrauterino

descolamento prematuro da placenta

óbito fetal tardio

Em fases mais avançadas da gestação, tromboses placentárias (infartos da placenta) podem comprometer o bem-estar fetal, exigindo monitoramento intenso e, muitas vezes, antecipação do parto.

Quando suspeitar e como diagnosticar

Deve-se suspeitar de trombofilia hereditária diante de histórico pessoal ou familiar de trombose — principalmente se os eventos ocorreram antes dos 50 anos — ou em mulheres que enfrentaram complicações gestacionais, como duas ou mais perdas gestacionais consecutivas, restrição de crescimento fetal ou pré-eclâmpsia grave.

O diagnóstico é realizado por meio de exames de sangue específicos, que devem, idealmente, ser coletados fora do período gestacional ou durante pausas no uso de medicamentos anticoagulantes para maior precisão.

Tratamento e cuidados essenciais

Após o diagnóstico, o tratamento inclui o uso de anticoagulantes, como a heparina de baixo peso molecular, que é segura durante a gravidez, e o ácido acetilsalicílico em baixas doses. O objetivo é reduzir o risco de trombose placentária e favorecer a evolução saudável da gestação.

O acompanhamento deve ser feito por obstetra especializado em gestações de alto risco, com monitoramento rigoroso da mãe e do feto durante toda a gravidez e no pós-parto.

Além disso, é importante reconhecer e prevenir outros fatores que aumentam o risco de trombose, como:

viagens aéreas prolongadas

infecções

períodos de imobilização

uso de anticoncepcionais ou hormônios para tratamento de infertilidade

Medidas simples, como a utilização de meias de compressão e a prática de movimentação regular em viagens longas, podem ser orientadas pelo médico para minimizar esses riscos.

Considerações finais

Embora a trombofilia seja uma condição silenciosa, seu impacto na gravidez pode ser significativo. O diagnóstico precoce, o planejamento da gestação e o tratamento adequado aumentam consideravelmente as chances de sucesso reprodutivo e de uma gestação segura. Com a medicina moderna e o acompanhamento correto, mulheres com trombofilia podem realizar o sonho da maternidade de forma saudável e segura.

Jovem Pan