O desperdício de alimentos é um problema global. Em seu relatório mais recente, a ONU estima que 17% de todos os alimentos disponíveis para consumo são desperdiçados. Isso equivale a 931 milhões de toneladas de alimentos.
Além da necessidade de criar políticas para cessar os desperdícios evitáveis, ao longo da cadeia, é preciso encarar o fato de que o lixo orgânico nunca deixará de existir. Metade do lixo produzido pelos brasileiros, por exemplo, são restos de alimentos e, há muito, existem soluções para lidar com esse resíduo. É o que mostra a cidade de Cockburn, na região de Perth, na Austrália, que está aproveitando o lixo orgânico para gerar energia e abastecer residências.
Por meio de uma usina de bioenergia, restos de comida de restaurantes e supermercados estão gerando energia suficiente para abastecer sua própria operação, assim como três mil residências próximas.
A comida, que é coletada por caminhões, passa por um equipamento que remove qualquer embalagem e outros contaminantes. Em seguida, o material é misturado com água que transforma tudo em uma grande sopa pastosa. Esse é o alimento da máquina que funciona como um “estômago mecânico”, digerindo os alimentos e liberando gás metano – que então é capturado para produzir eletricidade. Quando combinados, dois biodigestores podem produzir até 2,4 megawatts.
Todo esse processo ainda gera um rico fertilizante orgânico e líquido. Parte do material é adicionado às pilhas de composto e outra porção é vendida a agricultores.
Clare Courtauld, que trabalha com educação de resíduos na cidade, afirma que o desperdício de alimentos deve ser visto como um recurso. Ao transformar lixo em energia, a cidade de Cockburn já desviou 43 toneladas de resíduos alimentares, que, do contrário, iriam parar em aterros e gerar gases de efeito estufa na atmosfera. Foram poupados 81 mil quilos de CO2, estima a gestão.
A gestão de lixo adequada e sustentável pode ser o grande trunfo para as cidades, pois a matéria-prima é inesgotável. De acordo com o site da ABC (rede de televisão pública da Austrália), o governo federal australiano está co-financiando a construção de uma unidade de produção de biometano em uma estação de tratamento de águas residuais de Sidney. O objetivo será abastecer mais de 13 mil residências.
No plano individual, o incentivo à prática da compostagem para lidar com os resíduos orgânicos é cada vez mais comum.
Ciclo Vivo