A eficácia da vacina da Pfizer/BioNTech para casos sintomáticos de covid-19 pode cair de 96,2% para 83,7% seis meses após a segunda dose (em um intervalo de 21 dias entre as aplicações), conclui um estudo ainda não revisado por pares publicado nesta quarta-feira (28) na plataforma medRxiv.
O artigo, assinado por pesquisadores de diversos países incluindo o Brasil, ressalta ainda que a proteção contra formas graves da covid-19 permanece alta após seis meses: 97%.
A eficácia de covid-19 sintomática mencionada significa que 16,3% (na média) dos voluntários que receberam a vacina tiveram algum sintoma da doença entre quatro e seis meses após a segunda dose e que a presença do vírus foi confirmada por meio de um exame RT-PCR.
O coordenador dos estudos da vacina da Pfizer no Brasil, Cristiano Zerbini, que também assina o artigo, explica que há diferenças da eficácia após seis meses entre os países onde a pesquisa é realizada — Estados Unidos, Brasil, Argentina, Alemanha, Turquia e África do Sul.
“A queda variou de país para país. No Brasil e na Argentina, ficou em 86%, o que é muito alto, mas é um pouco menor do que os 95% observados nos dias após a segunda dose.”
Zerbini acrescenta que a Pfizer já iniciou um estudo nos EUA, Brasil e África do Sul para analisar o efeito de uma terceira dose em voluntários já vacinados há pelo menos seis meses.
“Vamos necessitar de um reforço? Esse é o objetivo do estudo que está sendo feito agora aqui no Brasil, nos Estados Unidos e África do Sul. O estudo começou agora, e vamos ver se a gente tem a resposta talvez até o fim do ano.”
Todavia, ele acrescenta que, como política pública, ainda não há indicação em lugar nenhum do mundo para revacinação de quem já completou o esquema vacinal.
Isto ocorre porque agora faz um ano desde que os primeiros voluntários da vacina da Pfizer receberam a segunda dose. Ou seja, os dados de eficácia após um ano ainda precisam ser analisados e publicados.
O Ministério da Saúde deve alterar nos próximos meses o intervalo entre as doses da Pfizer, de 12 para três semanas, o que Zerbini considera “uma decisão muito acertada”.
Variante Delta
A mudança ocorrerá em meio a um possível aumento de casos de covid-19 pela variante Delta, identificada inicialmente na Índia.
Um estudo recente publicado no New England Journal of Medicine, aponta que as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca oferecem boa proteção contra a cepa Delta, desde que as pessoas tenham tomado as duas doses, explica o médico.
“Se você tomar as duas doses da vacina BioNTech/Pfizer, você tem uma proteção contra a variante Delta em torno de 80% a 90%, mas precisa tomar as duas doses, uma só não adianta. Se você tomar as duas doses da vacina na AstraZeneca, vai ter uma proteção em torno de 75% contra a Delta. A eficácia das vacinas contra a Delta é um pouco menor do que contra a cepa original, mas ainda ficam em um nível bem alto para quem completa a vacinação.”
Prevenção deve ser mantida
Independentemente de qual seja a vacina que cada um tomou, Cristiano Zerbini reforça a importância da manutenção de medidas não farmacológicas de prevenção da covid-19, como uso de máscaras, distanciamento físico e higiene das mãos.
“Veja os Estados Unidos, tiveram que voltar atrás, liberaram a máscara para todo mundo e agora estão tendo um monte de novos casos.”
O país também enfrenta uma resistência à vacinação de uma parcela significativa da população, o que o presidente Joe Biden classificou como “uma pandemia de não vacinados”.
Além disso, é fundamental que todos tomem a segunda dose na data indicada no cartão de vacinação.
R7