O Brasil não atingiu nenhuma das metas de cobertura das vacinas infantis disponíveis pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) em 2020. Apesar de gratuitas, seguras e eficazes, a imunização atingiu apenas 75% no ano passado, acentuando uma queda que vinha desde 2015. A porcentagem preocupa especialistas que apontam taxas acima de 90% como ideais. A pandemia da Covid-19 é apenas um dos fatores que explicam esses números, já que a cobertura vacinal cai há pelo menos seis anos.
Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do departamento de imunizações da sociedade brasileira de pediatria fala sobre esse cenário. “As coberturas vacinais do calendário da infância, dos adolescentes e até dos adultos já não estavam adequadas antes mesmo da pandemia. Em 2020, com o receio de frequentar uma unidade de saúde, as vacinas decresceram muito no país, as taxas de cobertura vacinal caíram em torno de 10% a 20% para todas as vacinas, o que coloca em risco a saúde de todas as crianças, especialmente de adolescentes”, afirma.
Um relatório lançado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) traçou um panorama da cobertura vacinal no Brasil. Um dos fatores mais relevantes e que explica a baixa adesão à vacinação contra doenças antes erradicadas no país é ideia de que essas enfermidades não são mais perigosas. Diante dessa crença, os surtos ressurgem. O melhor exemplo disso ocorreu com o retorno do sarampo, doença que reapareceu em 2019 após três anos de erradicação certificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “O sarampo já tá aí e é a prova de que, as coberturas não estando boas, a doença volta”, afirma Kfouri.
Jovem Pan