Polícia Militar Ambiental aplica mais de R$ 8 mil em multas a moradores do Oeste Paulista que mantinham aves em cativeiro

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A Polícia Militar Ambiental multou moradores de Flórida Paulista (SP) e Rosana (SP) que mantinham aves silvestres em cativeiro, nesta terça-feira (7). As autuações totalizaram R$ 8,4 mil e foram emitidas durante a Operação Abate.

Flórida Paulista

Uma equipe policial recebeu uma denúncia de pássaro em cativeiro no município de Flórida Paulista.

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Ao chegar na residência localizada na Vila Monteiro, os policiais fizeram contato com o morador, um homem de 62 anos, que autorizou a entrada e acompanhou a equipe na fiscalização.

Foi constatada a existência de uma ave silvestre da espécie canário-da-terra-verdadeiro e dois pássaros da espécie pintagol, que estavam em gaiolas individuais, sem autorização do órgão ambiental competente.

Diante da situação, foi lavrado um auto de infração ambiental no valor de R$ 500, com base no artigo 25, parágrafo 3°, inciso III da Resolução SIMA-05/2021, por ter em cativeiro espécime da fauna silvestre nativa (canário-da-terra) e outro auto por introduzir espécime animal híbrida no Estado de São Paulo, no valor de R$ 2,4 mil (pintagol), com base no artigo 26 da Resolução SIMA- -05/21.

As aves foram apreendidas. As autuações totalizaram R$ 2,9 mil.

O canário-da-terra-verdadeiro foi solto na natureza por apresentar estado bravio, o que indica ter sido capturado recentemente. Já os pássaros da espécie pintagol ficaram com o autuado a título de depositário fiel por falta de local autorizado para destinação.

Canário-da-terra-verdadeiro

O canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) é uma ave admirada pelo canto forte e estalado. Mede 13,5 centímetros e pesa cerca de 20 gramas.

O macho apresenta plumagem na cor amarelo-oliva, asas e cauda no tom de cinza. A íris é negra. A fêmea possui estrias pardas.

A dieta alimentar é composta predominantemente por sementes. O formato do bico é eficiente para esmagar e cortar as sementes, o que torna o canário-da-terra-verdadeiro uma ave predadora e não dispersora de sementes.

Caburé, aranha, gaviãozinho e a cobra-verde são seus principais predadores.

No período reprodutivo, a ave constrói ninho em formato de cesta ou então reaproveita as casas de joão-de-barro.

O canário-da-terra-verdadeiro ocorre em campos secos, na caatinga e no cerrado brasileiro.

Rosana

A Polícia Militar Ambiental realizou patrulhamento nos assentamentos do município e fez vistorias em propriedades rurais.

Em um sítio, no Assentamento Porto Maria foi constatada a manutenção irregular em cativeiro de duas aves da fauna silvestre das espécies coleirinho papa-capim e caboclinho.

Os pássaros estavam em gaiolas, agitados e com características de recém-captura.

Segundo a polícia, a ave da espécie caboclinho consta no anexo I do decreto estadual N° 63.853, que lista os animais ameaçados de extinção no Estado de São Paulo.

O possuidor das aves, um homem de 46 anos, foi identificado e confirmou que os pássaros foram capturados recentemente.

A polícia elaborou um auto de infração ambiental no valor de R$ 5,5 mil contra o homem.

Os pássaros e as gaiolas foram apreendidas. Devido a condição de ameaça de extinção de uma das aves, elas foram imediatamente libertadas em um remanescente florestal próximo do local da captura.

Já as gaiolas foram destruídas.

Coleirinho

O coleirinho (Sporophila caerulescens) ocorre em boa parte do Brasil, exceto na região amazônica e no Nordeste. Fora do País é avistado do Uruguai à Bolívia e também no Peru.

Como os nomes populares já sugerem, esta ave aprecia as sementes dos capinzais e tem o hábito de comer nas gramíneas de arroz. Detalhe: seu pouco peso e tamanho reduzido ajudam o coleirinho a alcançar as sementes subindo nas hastes das plantas.

Na reprodução, o casal se afasta de seu bando e estabelece um novo território para procriar. Isso posto, cabe à fêmea a tarefa de fazer o ninho (geralmente em árvores e arbustos no contato entre a mata e o campo aberto), enquanto o macho canta para espantar outros coleiros da área. O período reprodutivo vai de outubro a fevereiro. O ninho, em forma de tigela, é feito de gramíneas, raízes e outros tipos de fibra vegetal. É posto sobre arbustos a poucos metros do chão. A cada ninhada são incubados dois ovos, por cerca de duas semanas. São de três a quatro chocos por ano. Após o nascimento, os filhotes abandonam o ninho com 13 dias. Com pouco mais de um mês já se alimentam sozinhos.

Dono de vários outros nomes populares, como coleiro, coleirinha, papa-capim ou papa-arroz, este pássaro é pequeno e não passa de 11 centímetros.

Infelizmente, devido ao seu belo canto, é uma das aves nativas que mais são capturadas e criadas em cativeiro. Até por causa desta preferência, vive ameaçada pelo tráfico de animais silvestres. Por sorte, como a fêmea tem de três a quatro chocos num ano, com dois filhotes cada um, a espécie ainda se mantém. A maturidade sexual rápida, logo no primeiro ano de vida, de certo modo também ajuda a preservá-lo.

O macho, dono de uma faixa no papo que lhe confere o nome, tem ainda ao lado da garganta uma espécie de bigode. Seu bico é amarelado ou levemente cinza-esverdeado. Mais uma vez a fêmea não acompanha o mesmo padrão de plumagem do macho (a exemplo de outras espécies). Ela é toda parda (assim como os machos juvenis).

Quando não está em período reprodutivo, o coleirinho é gregário e se junta a grupos mistos (de papa-capins e tizius), de seis até 20 indivíduos.

Caboclinho

O gênero Sporophila inclui 31 espécies, das quais 11 são popularmente conhecidas como caboclinhos.

Entre elas estão: caboclinho, caboclinho-branco, caboclinho-de-barriga-preta, caboclinho-de-barriga-vermelha, caboclinho-de-chapéu-cinzento, caboclinho-de-papo-branco, caboclinho-de-papo-escuro, caboclinho-de-peito-castanho, caboclinho-de-sobre-ferrugem, caboclinho-do-sertão e caboclinho-lindo.

São aves que possuem hábitos semelhantes e são ameaçadas pela perda do habitat natural. As onze espécies tidas como caboclinho possuem características únicas, mas difíceis de diferenciar, principalmente entre as fêmeas e os jovens.

G1PP