O calcanhar de aquiles do carro elétrico é mundialmente conhecido: falta de autonomia. Ou melhor dizendo, a inexistência de uma tecnologia capaz de recarregar esses carros da mesma forma que enchemos o tanque com gasolina em poucos minutos.
Por isso, a indústria automobilística se debruça numa solução que permita aos veículos puramente elétricos percorrer longas distâncias sem necessidade de carga extra. Mas essa equação esbarra hoje num dilema: oferecer mais autonomia significa mais peso e menos desempenho já que é necessário levar mais módulos de baterias a bordo, tornando os veículos pesados.
Bem, não mais se a nova proposta da Mercedes-Benz conseguir se transformar num modelo de produção. A marca alemã apresentou nesta segunda-feira (3) o Vision EQXX, um carro conceito que reúne inúmeras tecnologias para servir de base para seus futuros carros elétricos.
A começar pelo alcance impensável de 1.000 km. Isso mesmo, o suficiente para ir de São Paulo ao Rio de Janeiro e voltar com bastante carga de sobra.
E qual a mágica da empresa alemã? Primeiro a bateria de 900 volts, desenvolvida com a ajuda da equipe de Fórmula 1. Embora tenha os mesmos 100 kWh, ela é bem mais leve e menor que a usada no modelo EQS.
Mas somente isso não bastaria já que o EQXX é um carro de grande porte e com isso pesado. Ou nem tanto, afinal a Mercedes fez uso de materiais bastante leves como alumínio e magnésio, além de peças em carbono e plástico para aliviar o peso.
Fralda usada
De quebra, o carro possui um teto com 117 células solares que ajudam a gerar alguma eletricidade extra além de um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,17, entre outras soluções para tornar o EQXX extremamente eficiente.
Apesar do visual de um cupê esportivo, o EQXX passa longe dessa ideia na prática. Ele possui apenas um motor com 204 cv e tração traseira, o suficiente para entregar um desempenho aceitável.
O mais curioso do protótipo alemão está em sua construção sustentável. A gigante alemã diz que utilizou materiais exóticos como estofamento derivado de cactos (por mais estranho que pareça), revestimento feito de cogumelos e que simula uma superfície de couro e plástico produzido a partir de lixo recolhido de aterros, que inclui até resíduos de jardins e fraldas usadas… parece piada mas não é.
Com tantas novidades, o interior do EQXX é o que menos impressiona. Estão lá os imensos painéis multifunção, poucos botões e a profusão de luzes de LEDs para dar uma aparência futurista, mas nem precisava de tanto.
A meta da Mercedes-Benz é clara: superar a Tesla como marca referência em carros elétricos. Não é à toa que o EQXX promete uma eficiência superior ao Model 3, considerado o veículo elétrico menos ‘gastão’ do mercado.
Agora, o desafio é tornar toda essa coleção de ideias geniais em um produto capaz de ser comercializado por um preço atraente. Mas é bom saber que a indústria automobilística, quando pressionada por legislações mais duras, consegue inovar e avançar para um futuro mais sustentável.
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