O índice que mede a intenção de consumo das famílias bateu recorde negativo em 2021 ao registrar retração de 9,9% na comparação com 2020, aos 71,6 pontos, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados nesta quarta-feira, 5. Foi o pior desempenho da pesquisa desde o início da série histórica, em 2010. No ano anterior, o indicador ficou em 79,4 pontos. O índice não fica acima do nível de satisfação (100 pontos) desde 2014. O resultado foi impulsionado pela disparada da inflação e a sequente alta dos juros. O Banco Central (BC) passou a Selic de 2% em janeiro para 9,25% em dezembro, e sinalizou novos aumentos para os próximos meses. “A inflação é um dos fatores que dificultam a recuperação econômica, pois reduz o poder de compra. Além de levar a um aumento dos juros, o que encarece o crédito, que é um artifício utilizado pelos consumidores para aumentar a renda e manter o padrão de consumo”, afirma a economista responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva. Em dezembro, o índice registrou queda de 0,8% — o segundo mês seguido de retração —, alcançando 74,4 pontos. Apesar de ter ficado abaixo do nível de satisfação, o indicador registrou a maior pontuação desde maio de 2020 (81,7 pontos).
A questão referente ao emprego atual mostrou que, em média, a maior parte dos entrevistados (35%) se sente tão segura com seu emprego quanto no ano passado, a maior proporção da série histórica. As avaliações em relação à renda atual demonstraram que, em 2021, a maioria das famílias considera a renda pior do que no ano anterior, com percentual de 40,6%, a maior proporção da série histórica. O item acesso ao crédito teve queda de 7% em 2021, enquanto no ano anterior a retração foi de apenas 0,1%. A percepção em relação ao consumo futuro também se destacou negativamente, com 53,5% das famílias acreditando na redução, em comparação ao ano anterior. O componente perspectiva de consumo atingiu 69,9 pontos, seu menor patamar desde 2016.
Na avaliação por faixa de renda, as famílias com orçamento acima de dez salários mínimos revelaram nível de insatisfação de 86,9 pontos no ano, com recuo de 5%. Já para as famílias com renda abaixo de dez salários mínimos, o indicador atingiu 68,4 pontos, demonstrando uma queda mais intensa, de 11,2%. Esse perfil de retração também foi observado no ano anterior, entretanto com uma discrepância menor entre as categorias analisadas. Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, os números reforçam a moderação das famílias em consumir. “O ano de 2020 apresentou grandes obstáculos para o consumo. Já 2021 foi marcado pela incerteza e consequências das medidas do ano anterior. Os consumidores enxergaram uma recuperação gradual e desaceleraram a cautela, mas ela permanece”, afirma.
Jovem Pan