O Guia de Atividade Física para a População Brasileira foi lançado em 2021, sendo um marco importante para as políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS). Incentivar a prática de atividade física é um meio de contribuir para a proteção e o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis, como câncer de mama, diabetes, cardiopatias, entre outros. Seguindo o ineditismo do material no Brasil, o Ministério da Saúde lançou a primeira versão em braile de uma publicação da Pasta, nesta sexta-feira (4), na Associação Fluminense de Amparo aos Cegos, em Niterói (RJ).
Até agosto de 2021, foram distribuídos mais de 74 mil exemplares impressos do Guia para as secretarias estaduais de Saúde para que fizessem o envio aos estabelecimentos de saúde dos municípios. Agora, será iniciada a distribuição de 1.000 exemplares em braile para instituições e associações especializadas, institutos e fundações, universidades e institutos federais, além de centros de reabilitação vinculados ao SUS e que atendem pessoas com deficiência visual e cegos.
No Brasil, mais de 44% da população maior de 18 anos não pratica o mínimo de atividade física recomendado, de acordo com a Vigitel 2019 de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas. Por isso, segundo a Organização Mundial da Saúde, documentos para a população com diretrizes para prática de atividade física, como o guia brasileiro, são vistos como fundamentais para redução da inatividade física dos países.
Evidências em prática
O Guia de Atividade Física para a População Brasileira é um importante documento para o País, mas principalmente para a Atenção Primária à Saúde (APS). Além de contribuir com o incentivo da prática de atividade física pela população, também auxilia no planejamento e no processo de trabalho dos profissionais e gestores de saúde.
“Na gestão do governo Bolsonaro, a promoção da atividade física tem um papel importante na melhoria da saúde dos cidadãos. Atuamos fortemente na busca da melhoria dos indicadores e no apoio da implementação de ações sustentáveis de práticas saudáveis. Essa é uma agenda importante, que também fomenta a inserção de um maior número de profissionais de educação física em nossos serviços para um cuidado integrado”, explica o secretário da Atenção Primária, Raphael Câmara.
O Guia busca criar oportunidades para a prática de atividade física na perspectiva da saúde. Nesse sentido, o material afirma o compromisso de garantir a acessibilidade de informação por meio da versão em braile dos conteúdos e em audiobook. Aproximadamente 13 milhões de brasileiros têm alguma deficiência, e a maior prevalência é na visão. Dessa forma, é garantido o princípio de equidade, do acesso à informação e da inclusão social das pessoas com deficiência visual nos serviços do SUS. O material pode ser consultado nos canais do Ministério da Saúde, tendo seus conteúdos disponibilizados em formato digital, audiobook e vídeos, além das versões impressas.
“Cheguei na Afac e me disseram: ‘todo cego vê’. Perguntei como. Falaram: ‘vê com a mente, com o corpo, com a alma e o coração’. Uma das formas de ver é por meio do braile e do audiobook. que é muito importante para nós”, contou Maria do Carmo Rodrigues, 61 anos, durante o evento de lançamento do Guia em braile. “Corro, faço canoa havaiana, vou à praia. Estou viva”, afirmou.
Ismael Menezes, 69 anos, também é paciente da Afac e falou um pouco sobre sua relação com a atividade física. “Eu sempre fiz esportes. Quando perdi a visão, parei de me exercitar e tive depressão. Voltei a praticar na Afac ao aprender a adaptar todos os exercícios. Hoje corro todos no quintal de casa por uma hora e meia”, disse
O superintendente da Afac, Omar Rocha, parabenizou a iniciativa do guia em braile e audiobook não só para promover a atividade física, mas também por ter uma sensibilidade para a causa dos deficientes visuais. “O braile é a escrita do cego. Não ter materiais em braile é o mesmo que dizer que uma criança não pode ler, por isso vejo como importante essa ação do Ministério da Saúde”, ponderou.
Participaram também da mesa de cerimônia do lançamento, a presidente de Honra da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (ANDEF), Tânia Regina Pereira, e a diretora substituta do Departamento de Promoção da Saúde da Secretaria de Atenção Primária, Fabiana Azevedo.
O Guia
O Guia de Atividade Física para a População Brasileira foi construído em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (RS), e reuniu aproximadamente 70 pesquisadores da área da atividade física relacionada à saúde, além da equipe técnica do Ministério da Saúde e da Organização Panamericana de Saúde (OPAS/Brasil). O processo de construção ocorreu por meio de criteriosa revisão da literatura científica; escutas a setores e instituições relacionados, especialistas e população; e consulta pública.
O documento é dividido em capítulos que abarcam conceitos relacionados à atividade física:
Capítulo 1 – Entendendo Atividade Física
Capítulo 2 – Atividade Física para Crianças até 5 anos
Capítulo 3 – Atividade Física para Crianças e Jovens de 6 a 17 anos
Capítulo 4 – Atividade Física para Adultos
Capítulo 5 – Atividade Física para Idosos
Capítulo 6 – Educação Física Escolar
Capítulo 7 – Atividade Física para gestantes e mulheres pós-parto
Capítulo 8 – Atividade Física para pessoas com deficiência
As informações do Guia são as principais ferramentas para promover atividade física no Brasil, fortalecendo a adoção de uma vida ativa, sendo um marco histórico para a promoção da atividade física no País.
A Afac
A Associação Fluminense de Amparo aos Cegos é um Centro Especializado de Reabilitação (CER) visual e intelectual credenciado pelo Ministério da Saúde desde 2006. A instituição recebe recurso de custeio no valor de R$ 140 mil e atende mais de 400 pessoas por mês. A Afac também tem uma oficina de órtese e prótese oftalmológica, que faz a dispensação de óculos e bengalas articuladas, para completar o trabalho da associação no campo da reabilitação visual. O atendimento pelo SUS inicia com o encaminhamento feito por uma Unidade Básica de Saúde da APS. Antes de receber qualquer tratamento, no entanto, o paciente passa pela equipe multidisciplinar (oftalmologia, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo e ortopedista), que constrói o projeto terapêutico singular a partir das necessidades de cada paciente.
Paula Bittar – Ministério da Saúde