A tecnologia está cada vez mais presente na vida das pessoas, tanto pelas facilidades que ela proporciona quanto pela capacidade de conexão. No entanto, a adesão em massa aos aparelhos pode gerar consequências no meio ambiente. Questões como o consumo exacerbado de plástico e a crescente emissão de carbono são aspectos que preocupam especialistas da área.
Debates sobre reciclagem, energia elétrica e consumo de água são comuns, mas o uso de dispositivos eletrônicos intensifica a importância destas questões. Apesar das problemáticas, existem alternativas que podem ser consideradas para reduzir a poluição. Nas linhas a seguir, acompanhe em detalhes cinco impactos causados pela tecnologia e formas de evitá-los.
- Emissão de carbono e gases de efeito estufa
Hoje a internet é responsável por cerca de 4% da emissão de carbono no mundo. Daqui a poucos anos, em 2025, a projeção é de que o valor dobre. Na prática, um vídeo de meia hora pode gerar cerca de 1,6 kg do composto na atmosfera terrestre. Apesar de serem emissores em potencial, os vídeos não são os únicos vilões no cenário digital. Um simples e-mail enviado ou uma breve pesquisa no Goog também são capazes de gerar CO2.
A explicação para o fenômeno de interferência da web na vida real é que a internet precisa de objetos físicos para funcionar. São tantas estruturas necessárias para proporcionar pequenas atividades no mundo conectado que os impactos na emissão de gases chegam a ser maiores que os da indústria da aviação, por exemplo.
Com a chegada da pandemia, a previsão era de que o mundo deveria gerar cerca de 34,3 milhões de toneladas a mais de gases do efeito estufa em 2021. Os dados são de um estudo publicado na revista Resources, Conservation, and Recycling, que também apontou a necessidade de plantar uma floresta com o dobro tamanho de Portugal para compensar o aumento do uso das plataformas digitais neste período.
- Poluição pelos materiais das estruturas dos dispositivos
Grande parte dos dispositivos tecnológicos são produzidos em plástico. Desde PCs e celulares até smartwatches, a presença do material é indispensável. O plástico possibilitou muitos avanços positivos em diversos setores do mundo, mas também significa um empecilho para uma vida mais sustentável hoje.
O que complica ainda mais o cenário é a velocidade com que os aparelhos eletrônicos são substituídos, como os smartphones, cujo tempo útil é de aproximadamente dois anos. Na contramão desta rapidez, o componente de cada um deles demora anos para se decompor, como é o caso do plástico, que precisa de 450 anos para desaparecer por completo.
Para além do plástico, o mercúrio e o chumbo são componentes que também preocupam quando o assunto é descarte de eletrônicos. Os materiais mencionados são tóxicos e podem causar implicações mais sérias na saúde das pessoas em contato. E quando os aparelhos não são destinados a um lugar ideal, os químicos perigosos podem chegar até os humanos pela contaminação de lençóis freáticos.
- Descarte indevido de tecnologia
O Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico do mundo, segundo o The Global E-waste Monitor 2020. Em um ano, o país descartou cerca de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, mas deste total, menos de 3% foi reciclado.
O problema é que um único dispositivo pode liberar vários componentes tóxicos capazes de contaminar o solo. O ideal é que as pessoas passem a se desfazer dos aparelhos em locais corretos, como ecopontos, para que os metais pesados não cheguem até os humanos por contaminação de solo e água. Entre as consequências do contato com os químicos liberados, as principais são intoxicação, câncer e inflamação no pulmão.
- Gasto de água
A água é a maior fonte de energia elétrica no país. As hidrelétricas são responsáveis por 67% do montante de energia gerada, sobretudo pelos rios. Por isso, ao falar de uma grande necessidade de eletricidade para o funcionamento dos aparelhos, fala-se também sobre uma sobrecarga do sistema energético – e consequentemente de um consumo enorme de água.
Dispositivos como celulares e computadores precisam reabastecer constantemente a bateria, o que demanda pelo menos duas horas na tomada. Isto consome bastante eletricidade, o que pode ser um problema diante de crises energéticas em decorrência da falta de água vivenciada no último ano.
- Uso massivo e constante de energia
Uma simples mensagem de texto pelo WhatsApp pode emitir carbono. Naturalmente, também demanda energia. Mas se uma ação tão pontual já consome energia, os data centers que ficam constantemente ligados para permitir o funcionamento de bancos de dados podem gastar quantias ainda maiores de eletricidade.
A onda crescente de home office também aumenta a preocupação. Todas estas situações acabam interferindo nos outros tópicos, como gasto de água, poluição e consumo acelerado de novos itens tecnológicos.
Dicas para diminui o impacto
- Cancelar inscrição em newsletters automáticas
Na dinâmica da internet, cada ação vale para poupar energia, principalmente se ela está atrelada aos grandes bancos de dados. As newsletters, aqueles e-mails automáticos que chegam à caixa de entrada, são exemplos de pequenas contribuições para um gasto maior de energia.
É possível descadastrá-los na própria página do e-mail, acessando a mensagem e buscando pela parte “cancelar inscrição” que pode ficar no topo ou ao final da página, a depender do destinatário.
- Fazer o descarte correto das tecnologias
Uma das críticas frequentes às grandes empresas de tecnologia é a designação da responsabilidade de descarte para o consumidor. Atualmente não existem grandes projetos de conscientização de reciclagem dos gadgets, tampouco uma divulgação elaborada sobre o local que recebe esse tipo de objeto. Entretanto, a boa notícia é que existem lugares voltados para o recolhimento de aparelhos que vão desde geladeiras até celulares.
Os chamados ecopontos são referências em coleta seletiva e, em alguns casos, também podem receber eletrônicos. Algumas cidades também abrigam ONGs e pontos de coleta em locais acessíveis como mercados, lojas e afins para otimizar o descarte correto.
- Cobrar das empresas práticas mais sustentáveis
Embora seja bastante complicada em termos de sustentabilidade, a internet pode proporcionar discussões de forma acessível. Os debates sobre práticas ecológicas podem e devem ser fomentados, de modo com que a cobrança de políticas públicas e ações privadas por parte das empresas seja uma pauta mais presente na esfera pública.
A exemplo disso, tem-se o registro de mobilizações que funcionários das próprias empresas (como Microsoft, Amazon e Google) fizeram para pressionar as marcas a reduzirem a emissão de poluentes e pararem de usar combustíveis fósseis.
Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN – Tech Tudo